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"A solução não é fácil, mas precisa ser encontrada o mais rápido possível", diz Campagnolo

Na primeira edição do Boletim da Indústria em 2016, o presidente do Sistema Fiep apresenta suas perspectivas para o ano e enfatiza a busca por oportunidades durante a crise

clique para ampliarclique para ampliarPresidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo (Foto: Agência Fiep)

A crise econômica pela qual passa o país está afetando diretamente o setor industrial. Os resultados obtidos pelo segmento produtivo em 2015 deixam as indústrias ainda mais em estado de alerta. Além disto, esta situação sofre a influência dos desdobramentos no cenário político. Neste início de 2016, o presidente do Sistema Fiep, Edson Campagnolo, expõe sua perspectiva para este ano e sinaliza a importância de aproveitar a crise para buscar oportunidades. Confira a entrevista para o Boletim da Indústria: 

Boletim da Indústria - Qual a sua expectativa para 2016? O cenário ainda é de pessimismo diante do desenrolar da crise econômica pela qual passa o país? 

Edson Campagnolo - Certamente 2016 também será um ano bastante difícil. Passaremos ainda por muitos ajustes, que continuarão comprometendo o desempenho do setor industrial e da economia como um todo. A previsão do mercado é que o PIB brasileiro, que deve fechar 2015 com uma queda na casa de 3,6%, despenque mais -2,6% no ano que vem. Mas só vamos conseguir superar essa crise econômica se, antes, superarmos a grave crise política que está travando o país. Esse impasse político, que deve se arrastar pelo menos até os primeiros meses de 2016, tem impedido a implantação de uma agenda para a retomada do crescimento e vem influenciando diretamente na retração da nossa economia. O Poder Executivo tem grande parcela de culpa nisso por não conseguir se articular politicamente e por não adotar medidas concretas para o corte de suas despesas. E o Legislativo parece mais preocupado com interesses políticos e partidários, deixando de lado a discussão de reformas e medidas estruturantes que garantam a recuperação do país e seu desenvolvimento em longo prazo. A solução para esse impasse não é fácil e exige muita responsabilidade, mas é preciso que seja encontrada o mais rápido possível. 

O setor industrial vem se mobilizando em diferentes níveis para tentar mudar este contexto e pela retomada da competitividade e do crescimento da economia. O que é necessário para que as reivindicações se tornem realidade? 

Realmente, diversos segmentos e lideranças têm se posicionado, mas isso parece não ser suficiente para sensibilizar a nossa classe política. O que precisamos é de uma grande mobilização. As forças organizadas da sociedade precisam se unir para cobrar uma solução definitiva para esse impasse político que vem paralisando o país e para cobrar que nossos representantes coloquem o compromisso com o país acima de interesses políticos e partidários. Se não fizermos isso com urgência, continuaremos despencando. Nesse processo, os sindicatos industriais têm papel fundamental, já que têm condições de mobilizar os empresários dos diversos setores para que participem mais ativamente das discussões sobre os rumos políticos do país. 

O setor industrial está sendo um dos maiores prejudicados neste cenário atual. Como as indústrias podem ganhar fôlego para passar por este momento? 

O que costumo dizer é que crise e oportunidade andam juntas. Apesar de todas as dificuldades que trazem, os momentos de dificuldades podem também forçar o empresário a sair da zona de conforto, a buscar alternativas para manter seus negócios. A necessidade de otimizar os recursos disponíveis pode, por exemplo, levar a mudanças no processo produtivo que tragam mais agilidade e menores custos. Além disso, ele talvez seja forçado a buscar novos mercados para seus produtos, o que pode abrir possibilidades bastante interessantes para as empresas. Hoje, com a desvalorização do Real, o produto brasileiro, apesar de todos os outros fatores que diminuem a sua competitividade, voltou a ser interessante no cenário internacional. As empresas que se prepararam para a internacionalização estão conseguindo passar por essa crise com menos turbulências. Mas, acima de tudo, é importante que o empreendedor, que é um otimista por natureza, não perca a esperança e mantenha-se atento às oportunidades. 

Muitas ações desenvolvidas pela Fiep e pelos sindicatos em 2015 estiveram relacionadas com capacitação e competitividade. Estes são pilares que devem ser fortalecidos ainda mais - tanto pelas próprias indústrias quanto em iniciativas da federação e dos sindicatos - para atravessar este momento de dificuldades? 

Sem dúvida alguma. Ao mesmo tempo em que continuaremos lutando para a adoção de medidas que criem um ambiente mais favorável aos negócios no Brasil, o Sistema Fiep seguirá oferecendo para as indústrias paranaenses uma série de serviços para que, internamente, possam aumentar sua competitividade. Por meio de Fiep, Sesi, Senai e IEL, elas podem se aprimorar em áreas como educação profissional e executiva, segurança e saúde no trabalho, tecnologia, inovação e meio ambiente, entre tantas outras. Para disseminar cada vez mais os benefícios que as empresas têm ao acessar esses serviços, contamos com a ajuda dos nossos sindicatos. Queremos que, cada vez mais, os sindicatos sejam parceiros efetivos nessa busca pela melhoria da competitividade da indústria paranaense.

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