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Em janeiro de 2011, o laboratório suíço Novartis estava prestes a sofrer um baque de R$ 400 milhões, aproximadamente um quinto de seu faturamento no Brasil. Nessa data, expirava a patente do Diovan, remédio para hipertensão, principal blockbuster da companhia e o medicamento mais vendido do País. A primeira medida tomada pela empresa para defender o seu mercado foi a via judicial, tentando prorrogar sua patente - nos EUA, ela só vence no final de 2012. A Justiça negou o pedido. Em fevereiro, a farmacêutica brasileira EMS já colocava nas prateleiras das farmácias o genérico da valsartana, nome do princípio ativo do Diovan. Entrar na Justiça para impedir a venda de genéricos parece ser rito seguido por todas as empresas internacionais, sob os protestos dos concorrentes brasileiros.
Adib Jacob, presidente:
"Vamos passar 2011 e 2012, que deveriam ser os nossos piores anos, crescendo".
Apesar disso, a Novartis já vinha se preparando para a vida depois do fim da patente do Diovan. Os resultados conquistados
desde então parecem indicar que a estratégia vem dando certo. "Chegamos até a aumentar as vendas em número
de caixinhas do Diovan", afirma Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Novartis. "Vamos passar 2011
e 2012, que deveriam ser os nossos dois piores anos, crescendo."
A principal ação da subsidiária
brasileira foi reforçar o relacionamento com os médicos, por meio de congressos e ações de marketing,
e com os seus pacientes. O cartão de descontos Vale Mais Saúde, criado pela empresa em 2004, já tem cadastrados
2,5 milhões de doentes crônicos. Esse público é fidelizado por meio de descontos que podem chegar
até a 60%. No caso do Diovan, os gastos mensais, que ficariam próximos a R$ 100 caem para R$ 40.
"Começamos
quatro anos atrás a pensar na nova realidade que enfrentaríamos com a chegada dos genéricos", diz Alexander
Triebnigg, presidente do grupo Novartis no Brasil. Quem não considerou esse fator, perdeu mercado. É o caso
da americana Pfizer, que resolveu reduzir pela metade o preço do Viagra, medicamento para combater a disfunção
erétil, apenas nas vésperas da expiração da patente. Segundo a consultoria IMS Health, a Pfizer
obtinha vendas de R$ 166 milhões no Brasil, em 2008, com o remédio. O valor caiu para R$ 122,5 milhões,
em 2010, ano da chegada da cópia às farmácias.
"Nos próximos anos, o Diovan vai também perder mercado", afirma Odnir Finotti, presidente da Pro Genéricos,
entidade que representa os remédios sem marca. A Novartis sabe disso e considera o período atual como uma fase
intermediária. Tanto que a Sandoz, a sua empresa de genéricos, já vende uma versão do Diovan.
A receita da Novartis, no entanto, não é apenas de defesa.
Ao contrário das outras gigantes do
setor, que vêm enfrentando as ameaças dos genéricos com o corte de gastos nas áreas de pesquisas,
o laboratório suíço não alterou o plano de investir 20% do faturamento na área. Neste ano,
devem ser US$ 10 bilhões no mundo. A aposta é que a descoberta de novos medicamentos crie outros campeões
de vendas. Um exemplo é o Gilenya, para a esclerose múltipla. Em seu primeiro ano de negociação,
ele vai atingir vendas de US$ 1 bilhão globalmente.
O Diovan, por exemplo, contribuiu com vendas de US$ 5,6
bilhões, quase 10% da receita mundial em 2011. "Os sucessos de vendas criados nos anos 1990 eram voltados a problemas
como disfunção erétil e colesterol", afirma Jacob. "Já os campeões de segunda geração
serão mais sofisticados, focados em tipos específicos de câncer e doenças autoimunes."
A
Novartis prega também a diversificação dos negócios. Enquanto a Pfizer quer se desfazer de sua
unidade de saúde animal, a matriz suíça não só é uma candidata à compra como
já adquiriu a compatriota Alcon, por US$ 50 bilhões, para entrar na área de cuidados oftalmológicos.
No Brasil, a empresa começa a construir, nesta semana, uma fábrica de vacinas em Pernambuco, que ficará
pronta em 2014, por US$ 300 milhões.