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A química em prol da humanidade

06 de janeiro de 2012

ÂNGELA WAGENER, Professora titular do Departamento de Química da PUC-Rio

É comum hoje a opinião de que, se algum produto "contém química", é perigoso ou faz mal. No entanto, a saúde, a agricultura, o controle de pragas e vetores, a produção de água potável, de tecidos, embalagens, tintas, revestimentos, combustíveis, só para citar alguns exemplos, são fruto direto ou indireto das descobertas da química. Nossos organismos são controlados pela química, não só o metabolismo e as funções que nos mantêm vivos, mas também os impulsos, a paixão, o amor são expressões de reações químicas.

Haber e Bosch, dois químicos alemães, reescreveram a história da humanidade quando, no início do século 20, desenvolveram o processo industrial de fixação de nitrogênio. Esses cientistas transformaram o nitrogênio, o gás mais abundante na atmosfera terrestre, em amônia que então passou a ser usada para produção de fertilizantes nitrogenados.

Dedicaram-se a desenvolver essa tecnologia, pois era preciso aumentar a produção de alimentos que, na época, era limitada pela carência de nitrogênio nos solos. O resultado da descoberta pode ser visto pelo lado positivo (porque permitiu crescer a produção de alimentos rapidamente) e pelo lado negativo, pois foi, com o desenvolvimento de fármacos, a responsável pela explosão populacional observada no século 20.

A química é bela. Vejamos: até a orientação em voo de pássaros migrantes depende de reações químicas que se processam nos olhos desses animais. A química, a ciência das transformações e das medições, é a base sobre a qual se apoiam as ciências ambientais, a nanotecnologia, a biologia molecular e tantas outras áreas atuais do conhecimento humano. É considerada a ciência central por fazer a ponte entre a física e a biologia.

A magia da química encantou Marie Curie, uma mulher à frente de seu tempo que, há 100 anos, descobriu os elementos rádio e polônio e fundou a radioquímica, tendo, por isso, sido agraciada com o Prêmio Nobel de Química em 1911. Suas descobertas abriram as portas para o uso pacífico da radioatividade, hoje aplicada na medicina e tantos outros setores importantes.

Poucos anos após as descobertas, a cientista singular as utiliza durante a Primeira Guerra Mundial. Criou um sistema móvel de radiografia, suportado em veículos, para assistir os feridos de guerra e permitir cirurgias mais seguras. Dessa forma, salvou a vida de centenas de milhares de feridos. Marie Curie é exemplo de tenacidade e inspiração para todos que queiram construir uma vida produtiva e plena.

Assim, reconhecendo as grandes conquistas da química para o bem-estar da humanidade e em comemoração ao centenário mencionado, a ONU elegeu 2011 o Ano Internacional da Química. Cabe aos cientistas e à sociedade fazer bom uso das descobertas para, por um lado, proporcionar o benefício geral e, por outro, evitar a produção danosa, seja por gerar resíduos que agridam o meio ambiente, seja por colocar no mercado substâncias que podem causar dano à saúde humana e à natureza. Cresce no seio da química nova forma de fazer reações e de produzir. O novo paradigma tem o nome de química verde - cujo objetivo é produzir gerando menos resíduos, consumindo menos matéria-prima e criando produtos inócuos ao meio ambiente.

No Brasil a produção científica em química é sólida e expressiva, mas pouco desse saber é incorporado pelo setor industrial em benefício do país. O ensino de química nos ensinos fundamental e médio é muito deficiente pela falta de professores e laboratórios. Precisamos incorporar ações, como em países líderes, para que, ao entrar na faculdade, nossos jovens estejam preparados para seguir uma carreira e também para atuar como consumidores criteriosos da informação científica e tecnológica relacionada ao dia a dia. Que possam, na vida adulta, como cidadãos, interferir nos caminhos de uma sociedade que se suporta cada vez mais sobre os saberes da ciência. O público em geral deve entender que a química, parte essencial da vida, está presente nas atividades diárias. Sem química, não há vida.

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