SINQFAR

SINQFAR

Envie para seus amigos

Verifique os campos abaixo!






Comunicar Erro

Verifique os campos abaixo!




Pintou limpeza

30 de outubro de 2011

Após comprar um pacote de linhas de produtos da Hypermarcas, a Flora, do grupo JBS, quer fazer a diferença no multibilionário setor de higiene e cuidados para o lar.

Por Rosenildo Gomes FERREIRA

No dia 10 de abril deste ano, o administrador de empresas Eduardo Luz, 38 anos, recebeu uma ligação em seu telefone celular que o deixou intrigado. Passava das 22h de um domingo, e ele não reconheceu o número que estava chamando. Mesmo assim, Luz resolveu atender à chamada. Do outro lado da linha, ninguém menos que o empresário goiano Joesley Batista, um dos controladores da holding J&F, cuja receita anual supera os R$ 55 bilhões e tem entre seus principais ativos o JBS, o maior frigorífico do mundo. Na rápida conversa, eles, que até então não se conheciam pessoalmente, marcaram um encontro para o dia seguinte. Seis almoços e cerca de dez cafés da manhã depois, Luz, enfim, topou trocar o comando da área de cuidados pessoais da Unilever, onde atuava havia um ano, pelo comando da Flora, divisão de cosméticos e higiene da J&F. De Batista, Luz recebeu uma missão desafiadora: transformar a Flora em uma espécie de "Unilever dos trópicos".

Para concretizar o sonho, o empresário goiano disse que estaria disposto a investir pesado, além de dar carta branca ao executivo. A segunda parte foi cumprida à risca. Coube a Luz, que tem em seu currículo uma passagem pela filial da cervejaria AB Inbev, na Romênia, redefinir o organograma da Flora e escolher os executivos que comporiam sua diretoria. Luz também convenceu Batista a definir os princípios que norteariam a trajetória da "nova" Flora, como transparência, foco e a gestão de custo. Na segunda-feira 24, Batista começou a cumprir a outra parte do acordo ao anunciar a compra de diversos ativos da Hypermarcas. Pagou R$ 140 milhões por seis marcas, cujo destaque são Assim, de sabão em pó, e Mat Inset, de inseticida, além de uma fábrica de sabão em pó localizada em Itajaí (SC). "Esses ativos complementam o portfólio e vão aumentar nossa competitividade no mercado", disse Luz à DINHEIRO. "Minha expectativa é de que eles adicionem, de imediato, R$ 300 milhões à nossas vendas."

Apesar de pouco conhecida, a Flora é uma empresa com tradição no setor. Criada em 1980 para aproveitar o sebo resultante do abate de bovinos, seu nome é uma homenagem a dona Flora Batista, matriarca do clã. A companhia possui diversas produtos com relativa penetração em seus respectivos segmentos: o sabão e detergente Minuano, o sabonete Francis e Albany, e o Hydratta, de cuidados para a pele. Juntos, eles deverão gerar receita de R$ 1,2 bilhão neste ano. Trata-se de um montante muito aquém do potencial da Flora, de acordo com Luz. A ambição dele é dobrar esse valor no médio prazo, sem necessariamente recorrer a aquisições. Para isso, Luz quer explorar as brechas deixadas pelos competidores de maior porte, como Unilever, Procter&Gamble e Reckitt Benckiser. Em vez de concentrar os esforços nos grandes varejistas, ele decidiu focar a distribuição nos mercadinhos das periferias das regiões metropolitanas. Hoje, cerca de 60% das vendas da indústria de higiene e limpeza acontece em lojas com até quatro caixas.

Para implantar essa estratégia, Luz recrutou nas hostes da Souza Cruz e da Ambev, os executivos Carlos Siqueira e Paulo Pelon, respectivamente. Levou também duas colegas da Unilever: Roberta Santana e Karla Schlieper. "Não tenho nenhum pudor em dizer que vamos nos inspirar e até copiar as melhores práticas existentes no mercado", afirma o CEO da Flora. Apesar do porte considerado modesto, quando comparado à anglo-holandesa Unilever, cuja receita somou R$ 11,9 bilhões no Brasil, em 2010, a trajetória da Flora poderá ser facilitada devido às mudanças nos hábitos dos consumidores.

Pesquisas da consultoria Nielsen ilustram bem esse fenômeno. "Nossos estudos mostram que 24% das donas de casa se dizem propensas a experimentar novas marcas", afirma Jefferson Rodrigo da Silva, analista de mercado de limpeza da Nielsen. "Outras 10% compram produtos recomendadas por amigas ou parentes." É exatamente esse contingente que a Flora pretende atingir. O pacote de ativos adquirido da Hypermarcas passou pelo crivo de Luz, que aposta especialmente no sabão em pó, produto que responde por metade do faturamento do setor. O controle da fábrica de Itajaí dará à Flora a possibilidade de produzir o equivalente a 10% do consumo nacional. Mesmo para quem tem na retaguarda uma corporação do porte da JBS, o sonho de se tornar a "Unilever brasileira" pode se tornar uma miragem. Afinal, outras companhias locais, como Hypermarcas e Bombril, tentaram essa façanha, mas acabaram desistindo no meio do caminho. Agora, é a vez da Flora.

"A nova Hypermarcas será melhor e mais rentável!"

Nos últimos quatro anos, o empresário goiano João Alves de Queiroz Filho, o Júnior, 58 anos, transformou sua Hypermarcas em uma verdadeira "máquina de compras". Foram 23 transações que totalizaram um desembolso de R$ 8,4 bilhões. Com isso, a empresa tornou-se uma potência nos setores de higiene, limpeza, alimentos e medicamentos, obtendo um faturamento de R$ 3,1 bilhões em 2010. O ritmo frenético, contudo, começou a cobrar seu preço. O endividamento subiu, a rentabilidade encolheu e o mercado de ações passou a duvidar do lendário "toque de Midas" do empresário. Na semana passada, a companhia concretizou a venda de diversos ativos, na área de limpeza, para a Flora. A meta é passar adiante, também, a palha de aço Assolan e a linha de atomatados Etti. Isso não foi suficiente para mudar a percepção dos investidores em relação à empresa. Com queda de 56,6% desde o início do ano, contra um recuo de 14,4% do Ibovespa, a Hypermarcas desponta como uma das que mais perderam valor em 2011. Para Cláudio Bergamo, CEO da Hypermarcas, os analistas têm sido muito rigorosos com a companhia. "A Hypermarcas deve ser analisada em uma perspectiva de médio e longo prazo", diz.

Com a reestruturação, a Hypermarcas se focará nos setores de higiene pessoal e farmacêutico, áreas nas quais ela acredita dispor de ativos capazes de fazer a diferença. Graças à aquisição de potências da área, como a Mantecorp, comprada por R$ 2,5 bilhões, a Neo Química, por R$ 1,36 bilhão, e a DM Farmacêutica, por R$ 1,3 bilhão. Em vez de pretender ser vista como uma "Unilever local", comparação que sua direção estimulou até agora, a Hypermarcas prefere ser lembrada como a Johnson& Johnson brasileira. Segundo a Hypermarcas, na área farmacêutica, sua posição já é de destaque: é a primeira em medicamentos vendidos sem receita médica, a segunda em prescrição médica e a terceira em genéricos. Tudo isso a credencia para lutar de igual para igual com grandes laboratórios internacionais, como a Sanofi-Aventis, ou nacionais, como a EMS. Em agosto, a empresa reforçou sua musculatura com a inauguração de uma nova fábrica de medicamentos em Anápolis (GO), com investimentos de R$ 110 milhões.

Em Senador Canedo, também em Goiás, está sendo erguida a unidade, com inauguração prevista para 2012, que concentrará produção de cosméticos e itens de higiene pessoal, hoje dispersa em 15 fábricas. De acordo com Bergamo, a "máquina de compras" só voltará a entrar em ação quando o endividamento atual, de R$ 2,8 bilhões, cair. "A nova Hypermarcas será uma empresa melhor e mais rentável", afirma Bergamo.

 

DEIXE SEU COMENT�RIO

Os seguintes erros foram encontrados:








    1. Os sites do Sistema Fiep incentivam a pr�tica do debate respons�vel. S�o abertos a todo tipo de opini�o. Mas n�o aceitam ofensas. Ser�o deletados coment�rios contendo insulto, difama��o ou manifesta��es de �dio e preconceito;
    2. S�o um espa�o para troca de ideias, e todo leitor deve se sentir � vontade para expressar a sua. N�o ser�o tolerados ataques pessoais, amea�as, exposi��o da privacidade alheia, persegui��es (cyber-bullying) e qualquer outro tipo de constrangimento;
    3. Incentivamos o leitor a tomar responsabilidade pelo teor de seus coment�rios e pelo impacto por ele causado; informa��es equivocadas devem ser corrigidas, e mal entendidos, desfeitos;
    4. Defendemos discuss�es transparentes, mas os sites do Sistema Fiep n�o se disp�em a servir de plataforma de propaganda ou proselitismo, de qualquer natureza.
    5. Dos leitores, n�o se cobra que concordem, mas que respeitem e admitam diverg�ncias, que acreditamos pr�prias de qualquer debate de ideias.
    Indústria química de pequeno porte começou em uma garagemPlástico ecológico e barato