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A química do sucesso

11 de outubro de 2011

Cientista gaúcho é o pesquisador brasileiro com maior impacto internacional

Cláudio Motta

Inovações em nanotecnologia fizeram do químico gaúcho Jaïrton Dupont o cientista brasileiro com o maior impacto mundial. Aos 52 anos, o professor de Química da UFRGS é o pesquisador brasileiro mais citado em revistas científicas internacionais, segundo um levantamento feito por Marco Antonio Zago, pró-reitor de Pesquisa da Universidade de São Paulo, na base de dados da empresa Thomson Reuters. Três artigos do químico estão entre os 26 trabalhos brasileiros publicados entre 2001 e 2005 que mais repercutiram na ciência. Para identificar os estudos de maior impacto, Zago selecionou os citados em pelo menos 200 trabalhos publicados por outros cientistas.

Tecnologia é usada pela Nasa em Marte

A fórmula do sucesso, segundo Dupont, é uma combinação de quatro elementos: relevância do tema; originalidade do conteúdo; divulgação em uma publicação internacional de renome; e tempo certo, ou seja, escrever um artigo no início do desenvolvimento de uma nova área. No caso do químico gaúcho, ele foi um dos percussores do estudo dos líquidos iônicos. Trata-se de um tipo de líquido que se mantém estável em baixa pressão, quando a maioria dos líquidos se evaporaria. As descobertas de Dupont têm centenas de aplicações industriais. A Nasa usa líquidos iônicos como lubrificantes de seus robôs em missões em Marte.

- Em apenas duas páginas, meu artigo dá uma nova abordagem a um problema antigo: poder preparar nanomateriais estáveis em líquidos iônicos. Isso abriu um novo campo. Possuíamos técnicas maravilhosas para os sólidos, mas não podíamos usá-las para líquidos em alto vácuo, porque a maioria deles se evaporaria, enquanto os líquidos iônicos têm baixa pressão de vapor - explica Dupont.

A indústria química rapidamente aproveitou as descobertas associadas aos líquidos iônicos. O primeiro grande uso industrial foi um produto para a remoção de ácidos formados como subprodutos de outros processos.

- O sal de cozinha, por exemplo, vira líquido a 801 graus Celsius, mas há outros sais que ficam líquidos 80 graus negativos. Não imaginávamos a importância dessa descoberta, nem a rapidez das aplicações. Na verdade, a maioria delas é a substituição de solventes orgânicos, que se evaporam e são tóxicos, pelos líquidos iônicos, que são recicláveis - diz.

Além da inovação científica dos estudos de Dupont, sua preocupação acadêmica também lhe rendeu impacto. Os outros dois artigos foram, na verdade, a revisão de trabalhos já publicados. Isso não significa, porém, que ele apenas compilou os trabalhos de colegas, o que hoje seria facilitado pelas ferramentas de busca na internet. Em vez de fazer um catálogo de resultados, o químico fez uma análise crítica da literatura científica.

Outro problema a ser vencido para obter significância é a barreira para colocar trabalhos em publicações de relevância internacional. A dificuldade é ainda maior para os jovens pesquisadores. A saída para vencer isso é procurar estar associado a outro cientista mais reconhecido.

- Não se imagina fazer ciência sem saber inglês. Além disso, se você é muito jovem e está no mundo periférico, no qual o Brasil ainda se encontra, é muito difícil publicar em periódicos de alto impacto. A probabilidade de encontrar um artigo ruim de um estrangeiro em um periódico americano é muito menor do que achar um trabalho sem qualidade de um americano nesta mesma publicação. O mesmo aconteceria num periódico alemão, com os pesquisadores da Alemanha - afirma Dupont.

O pesquisador critica o modelo de ensino das universidades brasileiras. Para Dupont, é necessário investir mais em pesquisa, excelência e em formação de pesquisadores do que em ampliação do número de pessoas formadas.

- Nossas universidades foram desenhadas a partir da sala e do quadro branco. Isso é um erro e uma das principais causas do analfabetismo cientifico. A ciência se constrói a partir de suas experiencias, e não o contrário. Ensino e pesquisa não podem ser antagônicos. A união desses elementos é que faz a universidade - frisa o professor da UFRGS.

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