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Genéricos chegam a 52%das vendas, e multinacionais perdem interesse na produção local
Este ano o Brasil baterá recorde no comércio de defensivos agrícolas, com vendas estimadas em US$ 8 bilhões, superando os Estados Unidos. Nem mesmo a alta repentina do dólar nos últimos dias deve impedir que o país alcance essa marca. No entanto, mesmo com o crescimento da demanda no mercado brasileiro, as grandes multinacionais do setor, como Bayer e Basf, não enxergam vantagens em elevar a produção local.
O aumento da demanda interna também não é uma resposta a ampliação nos investimentos em tecnologia. Pelo contrário, os genéricos produzidos na China estão entre os produtos cujo consumo mais cresce no mercado.
Com seus 2,5 mil fabricantes de defensivos o país asiático produz a custos bastante competitivos, pressionando cada vez mais as empresas instaladas no Brasil.
Segundo o vice-presidente sênior da unidade de proteção de cultivos da Basf para a América Latina, Eduardo Leduc, há três anos a empresa produzia localmente cerca de 90% do que vendia no país.Hoje, esse número é de 70%."Não está mais economicamente interessante produzir aqui", afirma.
Para atender a crescente demanda do mercado local, a Basf tem importado produtos da Europa e dos Estados Unidos. "Precisamos aumentar nossa capacidade, mas a questão é se fazemos isso aqui ou em outros lugar do mundo", observa Leduc, acrescentando que frente à conjuntura atual, a fatia de importados na cesta de produtos que a Basf vende no Brasil deve continuar aumentando.
Leduc afirma que a área de defensivos exige aportes elevados de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). No caso da empresa esses produtos recebem investimentos anuais, com essa finalidade, da ordem de ¤ 400 milhões.
Ele considera ainda que investir em inovação é fundamental para competir com os agroquímicos genéricos. "Metade dos produtos registrados no Brasil não tem mais patentes. Os genéricos são uma realidade. Eles são altamente presentes no mercado de defensivos", completa.
Genéricos avançam O executivo da Basf tem razões para se preocupar. Um estudo do Rabobank, divulgado com exclusividade ao Brasil Econômico, mostra que na última década a participação dos defensivos genéricos no mercado avançou de 35% para 52%.
Nesse período houve a difusão das sementes geneticamente modificadas e o controle das pragas nas lavouras passou a ser baseado quase que exclusivamente em um herbicida genérico, o glifosato. Este, por sua vez, passou a substituir diversos produtos de valor agregado e hoje representa mais de um terço do mercado de herbicidas. "A China está cada vez mais competitiva e tem o Brasil como um dos seus mercados mais importantes", destaca o analista do departamento de Pesquisa e Análise Setorial do Rabobank Brasil, Jefferson Carvalho.
O diretor executivo da Associação Nacional dos Defensivos Genéricos (Aenda), Tulio de Andrade, diz que o "chinês está fazendo uma coisa boa para agricultura, mas ruim para o empresário agrícola". Segundo ele, os defensivos chineses estão pressionando os preços no mercado porque chegam no país mais baratos e em uma grande variedade de opções. "Eles reduzem até mesmo os preços dos produtos com patente", afirma Andrade.
O diretor de operações de negócios da Bayer CropScience, Gerhard Bohne, avalia que ainda há espaço para inovações e tecnologias mais antigas. "A concorrência está mais acirrada e vai ser cada vez mais no futuro, isso exige que as empresas sejam mais eficientes", diz.
Mesmo com o aumento significativo da venda de genéricos, Bohne afirma que a Bayer tem como meta lançar três novos produtos para o ano. Ainda assim, Bohne afirma que não compensa produzir localmente.
"É uma questão de economia de escala", diz.
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Eduardo Leduc Vice-presidente sênior da unidade de proteção de cultivos da Basf para a América Latina
"Hoje não é vantajoso produzir no Brasil. Existe vantagem qualitativa por estar próximo do mercado, dos produtores, mas quantitativa e economicamente não há"