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Ativos valiosos em busca do correto aproveitamento

28 de julho de 2011

A exploração dos recursos naturais de forma sustentável é um desafio para empresas responsáveis

Não foi à toa que Oscar Chamma, filho de libaneses, cedeu seu sobrenome à perfumaria que criou em 1959, em Belém (PA), para vender perfumes e sabonetes que ele próprio formulava, aproveitando a diversidade de frutas, flores cheiros e sabores regionais. Apaixonado por química e pelas plantas da Amazônia, fez do pequeno negócio sua razão de ser até falecer, em1993."Herdamos as fórmulas da família, faltava-nos a visão empreendedora", lembra-se a filha advogada, Fátima Chamma, cuja vida se transformou quando assumiu o negócio com seus irmãos. "Antigamente, vivíamos dentro da loja, no entorno do mercado Ver-o-Peso, assim como outros empreendedores do ramo", conta.

Em 1996, depois de ingressar na incubadora da Universidade Federal do Pará, a empresa renasceu com o nome Chamma da Amazônia. Difundia a não realização de testes com animais, a aposta na produção mais limpa, bem como o relacionamento com comunidades tradicionais, fornecedoras de insumos de origem extrativista,como andiroba; ou cultivados, como o açaí, "bola da vez"e do qual se extraem óleo, corantes e um aroma peculiar.

Logo Fátima aprendeu a lidar com a dificuldade e o custo de catalogar ingredientes amazônicos, desconhecidos no mercado internacional. Ao ver nascer um nicho de mercado, de empresas que trabalham com comunidades tradicionais na produção sustentável de essências amazônicas, passou a comprar delas os insumos."Estamos dentro de um celeiro de matérias-primas que são o diferencial de nossa marca, mas todo o resto fica mais caro, devido à nossa situação geográfica", reconhece, ao citar o custo de outros insumos e embalagens, em geral provenientes do Sudeste.

Igualmente de origem familiar e 100% nacional, a Cikel Brasil Verde é remanescente de um boom de empresas que apostaram na exploração sustentável de madeiras nobres da Amazônia. Em 2001, tornou-se a maior área florestal privada brasileira certificada pelo Forest Stewardship Council (FSC), selo internacional que avaliza aspectos sociais e ambientais do sistema de produção, impondo a rastreabilidade dos produtos da floresta.

"A exploração ocorre em talhões, para permitir o ciclo de 30 anos de recuperação natural da mata. Em cada talhão, retiramos poucos exemplares, previamente demarcados", informa a gerente de responsabilidade socioambiental, Wandréia Baitz. Mais caro na primeira fase, o manejo sustentável tende a ser mais lucrativo no longo prazo, observa. Segundo estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), a taxa de regeneração vegetal aumenta em até 8%. No entanto, a Cikel sofre concorrência desleal de madeiras de origem duvidosa, num mercado que não raro prefere o preço baixo às garantias legais.

O faturamento da empresa, R$ 90 milhões em 2009, seria maior, se houvesse aceitação da diversidade de espécies. "O mercado desconhece certas madeiras nobres; portanto, rejeita. Oferecer uma cesta de produtos sustentáveis para o mercado melhora as chances de comunidades tradicionais que queiram sobreviver em áreas nativas da Amazônia sem devastar, assegura Mauro Armelin,ex-coordenador do Projeto Negócios Sustentáveis no Ministério do Meio Ambiente e atual dirigente do Programa da Amazônia do WWF-Brasil. Bom exemplo, diz ele, é a combinação da exploração de produtos não madeireiros e do pescado no Acre. O papel da ONG que aplica cerca de R$3 milhões anuais na promoção de negócios sustentáveis na região é propor alternativas e investir na abertura de canais de venda, realizada diretamente pelos produtores.

As comunidades tradicionais se beneficiariam da exploração sustentável da madeira, não fossem as exigências impeditivas de um complexo marco regulatório, reclama Armelin. Não é por acaso, provoca ele, que a madeira certificada represente menos de 1% do que o país comercializa.

Em algumas reservas extrativistas, comunidades tradicionais sentem-se tentadas a trocar árvores nativas por gado, cuja liquidez é maior, reconhece Rômulo Mello, presidente do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Daí a premência de buscar alternativas que incrementem a renda das famílias, por meio de preços justos. "O barril de cem litros da essência de pau-rosa da Amazônia valia cerca de US$ 100, em Santarém (PA). Em Paris, um vidro de 50 ml do perfume Chanel n°5, que tem essa essência na formulação, custa US$50", compara.

Não é sonho trabalhar por um sistema que agregue valor a os produtos de quem protege a floresta, afirma Mello. Como exemplo, ele cita o projeto Reflorestamento Econômico Consorciado e Adensado (Reca). Criado em 1989, em Nova Califórnia (AC), reuniu pequenos produtores em torno do plantio cooperativo de cupuaçu, pupunha e castanha-do-brasil Com financiamento da agência holandesa Cebemo, o projeto prosperou e se diversificou, graças ao preço justo pago por compradores europeus. Um estudo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente com o Ministério do Meio Ambiente e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) avalia o potencial econômico das unidades de conservação da Amazônia em R$3,8 bilhões anuais, só no quesito da exploração sustentável de produtos madeireiros e não madeireiros."É um dado conservador", diz Mello.

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    O quase rei dos genéricos enxerga longeLei Estadual 16.815/2011