De acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups), o Paraná possui 185 startups. No entanto, esse número deve crescer. As perspectivas são do consultor do Sebrae/PR Fabrício Bianchi, que atua no norte do estado. Segundo ele, apenas em Londrina e Região, no início de 2015, a entidade contabilizava 20 novos projetos na área de startups e fechou o ano com cerca de 120 projetos atendidos.
Bianchi explica que dentro da linha estratégica para as startups, o Sebrae/PR tem o objetivo de auxiliar na validação dos modelos de negócios e no fortalecimento do ecossistema onde essas empresas estão inseridas. “Começamos a perceber que a lógica de inovação passa a ser de fato transformadora em nossa região", ressalta.
Desafios
As startups podem ser definidas como empresas que trazem alguma inovação tecnológica e que têm alto potencial de crescimento. No entanto, os empreendedores que se aventuram nesse universo também ingressam num ambiente de muitas incertezas. Esse fator é demonstrado no estudo "Causas da mortalidade de startups brasileiras", publicado em 2014 e realizado pela Fundação Dom Cabral (FDC). O levantamento mostra que 25% das startups "morrem" antes do primeiro ano de vida e a metade delas, em menos de quatro anos.
Os dados têm como base as respostas de fundadores de 221 startups, sendo 130 em operação e 91 descontinuadas. A pesquisa aponta três fatores que podem justificar a alta taxa de descontinuidade das empresas. O primeiro deles está relacionado ao número de sócios.
Os dados mostram que "a cada sócio a mais que trabalha em tempo integral na empresa, a chance de descontinuidade da startup aumenta em 1,24 vez." Isso porque, neste ambiente de alta incerteza, há sempre uma situação de conflito entre os pares.
O segundo fator diz respeito às questões de investimento. Se por um lado, dispor de pouco capital é
crítico para a sobrevivência, ter muito dinheiro investido também é.
Conforme o levantamento,
se a empresa recebe um montante de recursos, ela entra em uma zona de conforto. Além disso, os investidores-anjo ou
fundo de investimento liberam os recursos à medida que os empreendedores vão gerando resultados.
Por fim, é preciso considerar o local de instalação. Arruda destaca que esse fator foi surpreendente, uma vez que o ambiente se mostrou importante para orientar a estratégia de startup. Ambientes como incubadoras, por exemplo, onde há interação e networking, são facilitadores, porque é possível aprender sobre modelos de gestão.
Investidores-anjos
As startups brasileiras estão precisando apressar a apresentação de resultados para conseguir captar investimentos por meio dos investidores-anjos. Esse fator pode substituir a implementação da inovação - que está atrelada ao conceito das startups - por um projeto pronto.
Para a Abstartups, houve um incentivo do governo e do setor privado à criação de empresas, mas não houve o mesmo esforço para atrair investidores dispostos a apostar nas startups. Depois da primeira captação, essas empresas enfrentam dificuldades para conseguir investimentos maiores e acabam se desviando do caminho inovador que planejavam. Com sorte, adiam ao plano inicial.
Conforme a Abstartups, até 30% das empresas iniciantes sofrem pressão dos investidores-anjo para que o investimento tenha retorno rapidamente, mesmo que isso signifique mudar de rumo. Segundo a entidade Anjos do Brasil, mesmo com as lacunas enfrentadas pelas startups no país, o investimento-anjo cresceu 14% de 2014 para 2015.
Com informações da FDC