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O setor industrial paranaense acompanhou de perto a votação do Projeto de Lei 4330/04, que regulamenta os contratos de terceirização. O texto base foi aprovado, em abril, na Câmara dos Deputados com 324 votos a favor, 137 contra e duas abstenções. A matéria permite a terceirização de mão de obra em qualquer atividade das empresas, pois não há menção sobre os termos atividade-fim ou atividade-meio, como existe na legislação atual.
Outro ponto importante é o que define que a responsabilidade da empresa contratante, que só será responsabilizada judicialmente quando a contratada não cumprir suas obrigações trabalhistas. A contratante também pode ser acionada diretamente pelo trabalhador terceirizado quando esta não fiscalizar o cumprimento das obrigações trabalhistas da contratada.
Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, que esteve em Brasília para apoiar a aprovação junto com uma comitiva de industriais paranaenses, as novas regras para terceirização aprovadas na Câmara dos Deputados são conquistas tanto para empresas e quanto trabalhadores, que agora terão amparo jurídico nos trabalhos terceirizados.
“A prática da terceirização é amplamente utilizada há anos em todo o mundo, mas nosso país ainda não tinha regras claras nessa área. O Brasil precisa se adaptar a esses novos tempos, para acabar com a enorme insegurança jurídica que hoje afeta tanto as empresas que contratam mão de obra terceirizada para determinadas funções quanto os trabalhadores, que nem sempre tem seus direitos preservados”, avalia Campagnolo.
O presidente diz ainda que a regulamentação do serviço terceirizado vai beneficiar diversos setores da indústria que, pelas características de seus processos produtivos, não têm condições de manter em seus quadros de colaboradores profissionais para algumas funções específicas ou com demanda sazonal, como o caso da indústria da construção civil.
“Para a maior parte das construtoras, não é viável manter em seu quadro funcional próprio trabalhadores para todas as etapas de uma obra”, explica. “Mas como a legislação para essa contratação não era clara, várias empresas acabavam sendo penalizadas. A regulamentação é uma oportunidade para que muitas empresas prestadoras de serviços saiam da informalidade, além de dar mais segurança para que os empreendedores que se utilizam dessa prática”, completa.
Representação
De acordo com Dora Guelmann, proprietária da DFGuelmann e secretária no quadro diretor do Sindivest, o principal trabalho realizado pelos industriais foi o de sensibilização dos deputados sobre a importância da modernização das relações de trabalho, que precisam estar mais adaptadas à nova realidade da economia brasileira e mundial.
“Este é um projeto que está em tramitação durante onze anos e que tem finalidade ímpar tanto para empregadores quanto para empregados. É preciso compreender que não há perda de direitos e sim uma modernização das relações de trabalho que possibilitarão maior competitividade à indústria”, explicou. Ela também ressaltou a importância da participação dos industriais e da continuidade do acompanhamento junto aos senadores. “Esse é um momento que mostra a importância da representação realizada pela Fiep e pelos sindicatos na defesa dos interesses da indústria do setor”, acrescentou.
Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a definição de regras claras e equilibradas representa um dos mais relevantes avanços para ampliar a segurança nas relações do trabalho no país, contribuindo para a melhora da competitividade da economia como um todo. Uma pesquisa feita pela CNI mostra que 69,7% das indústrias - de transformação, extrativas e construção civil - utilizam serviços terceirizados e 84% das companhias que terceirizam pretendem manter ou ampliar a utilização do recurso nos próximos anos.
Os dados revelam ainda que 42% das empresas entrevistadas sofreriam com perda de competitividade se fossem impedidas de contratar terceiros. Outros 15,4% afirmam que uma ou mais linhas de produtos se tornariam inviáveis com a proibição.
Tramitação
O projeto de lei sobre terceirização será encaminhado para o Senado Federal, onde deverá passar pelas comissões internas antes de ser votado em plenário. Se houver alguma modificação, o projeto volta para apreciação na Câmara. Se for aprovado no Senado, a matéria vai para a sanção presidencial.
Com informações da Agência Fiep e Agência CNI