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Levar informação para micro e pequenas empresas, aproximar as necessidades do mercado com a formação dos profissionais e incentivar ações de valorização da mão de obra e inovação dos processos são as metas estabelecidas pela nova diretoria do Sindivest Paraná, que estará à frente da instituição nos próximos três anos. A presidente Letícia Birolli Ferreira, de 29 anos, assumiu a instituição no dia 11 de fevereiro e afirmou que pretende continuar o legado da gestão anterior, que fortaleceu o associativismo no sindicato, ampliando o diálogo com várias instituições. Confira a seguir a entrevista com a nova presidente:
Boletim da Indústria - Como começou sua história com a indústria do vestuário?
Leticia Birolli Ferreira - Eu praticamente cresci dentro de uma indústria de vestuário, uma vez que a minha mãe já trabalhava neste setor desde antes do meu nascimento. Eu cresci vendo as dificuldades e os prazeres de trabalhar neste setor e desde muito nova eu sabia que era com isso que eu queria trabalhar. Então, desde os 14 anos eu já estava envolvida na empresa da minha mãe, Rosita Francisca Birolli Ferreira. Por isso mesmo fui cursar a faculdade de administração.
Neste período, parei de trabalhar na empresa e fui trabalhar em outros setores para conhecer outras realidades e ter certeza de que eu não estava indo para esse lado só pela influência que eu tinha da minha mãe e sim de que era algo que eu realmente queria para mim. Logo após, eu voltei como sócia da empresa e desde então trabalho no setor. Desde que eu tinha 18 anos eu acompanho o trabalho do sindicato e do conselho temático. A gente sempre foi super envolvido com a atividade associativa e com as atividades do Sesi e Senai. Eu fiz pós-graduação em Moda pelo Senai e curso técnico em estilismo também pelo Senai. Também tenho pós-graduação em produção de moda por uma instituição de Santa Catarina.
Você está assumindo o sindicato em um momento importante, mas difícil para os industriais. Como você avalia esse cenário?
Eu acredito que é nesses momentos de crise que podemos conseguir ter uma boa ideia e é exatamente nesses momentos que a gente precisa de um ar novo, de inovar. Eu assumi um sindicato com uma cabeça jovem, que acabou de concluir a formação, a vida de estudante e trago muitas ideias das experiências e movimentos nestes lugares pelos quais eu passei. Eu conheço muito de perto as necessidades do nosso setor e acredito que todo esse conhecimento poderá ser aplicado em conjunto com nossos empresários. Às vezes, a gente fica focado em um tema como, por exemplo, a mão de obra. É uma reclamação constante a de que não há mão de obra, mas a verdade é de que precisamos fazer alguma coisa para que esses trabalhadores queiram vir para o nosso setor. É neste sentido, de encontrar soluções, que eu e a minha diretoria pretendemos atuar.
É necessário inovar muito além da tecnologia para melhorar o cenário...
Com certeza. Até porque o nosso setor não recebe grandes novidades tecnológicas. É um setor extremamente manual, que conta com muita intervenção humana junto às máquinas. A grande maioria é de mão de obra feminina, que é um público que precisa de cuidado. Então esse é um desafio bem grande, mas a gente precisa atrair as pessoas e mostrar que o nosso setor é interessante.
Dentro desses conceitos, quais são as metas de gestão? O que o sindicato irá priorizar nos próximos anos?
Convidei todos os coordenadores dos cursos de moda de Curitiba para virem à posse e a gente espera realizar uma aproximação com as instituições de ensino, que é uma das nossas metas. Além disto, o sindicato continuará apoiando as ações do Conselho Setorial da Indústria Têxtil e do Vestuário da Fiep, que está trabalhando em um novo evento de moda que trará uma proposta bastante inovadora e que é a cara que acredito que as nossas indústrias devem assumir: de modernidade e união para superar essa crise.
E a gente precisa que o industrial enxergue isso. Que ele tenha uma nova visão de gestão, que englobe uma nova visão de design porque empreender nesta área não requer muitas habilidades técnicas e custos, há facilidade de abrir uma confecção. Já os desafios para se manter no mercado são muito grandes e, por serem a maioria micro e pequenas empresas, são justo elas que precisam estar próximas aos sindicatos para usufruir de todos os benefícios que o sindicato pode oferecer para que elas possam crescer.
E, em sua visão, quais são esses benefícios? Por que é importante para o industrial estar próximo da entidade sindical?
Diria que o mais importante é estar com as pessoas. Nas reuniões do sindicato são vários empresários, várias entidades que estão próximas umas das outras e que têm um monte de oportunidades para oferecer para as empresas, mas precisa que as indústrias estejam aqui. Então, você não vai a uma reunião do sindicato da qual você não saia com alguma novidade, com uma informação importante ou com uma ideia que pode te ajudar. Se o proprietário não pode ir, ele pode enviar alguém do marketing, do setor de recursos humanos para representá-lo, mesmo que seja só para ouvir e repassar as informações mais tarde.
E essa é a cultura que o industrial brasileiro precisa ter em todos os setores, de que a união não traz perdas. Ou a gente se une ou vamos morrer cada um em um canto. Se estivermos juntos, mesmo pequenos, teremos uma força muito grande. Uma única empresa com cinco funcionários não tem o mesmo poder que teriam mil empresas com cinco funcionários se elas estiverem juntas.