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Uma missão de industriais brasileiros organizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Rede Brasileira dos Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), conheceu em setembro, na Itália, uma das estratégias utilizadas pelo país europeu para valorizar seus produtos e reforçar conceitos de tradição, luxo, qualidade, design, inovação e bem-estar, incrementando os preços.
A Itália é o maior exportador do mundo de fios e tecidos de lã e o segundo maior exportador de tecidos de seda e de vestuário confeccionado. Do país saí 30% de tudo o que é produzido pelo setor têxtil e de confecção da Europa. Para uma produção tão ampla e frente à crise econômica, a Itália se reinventa e busca em suas raízes e no investimento em marca a solução para atravessar o momento difícil.
Uma das medidas tomadas pelas indústrias da região, com a ajuda do Centro Politecnico di Milano, foi a criação do selo “Made in Italy”. A certificação está em produtos dos mais variados setores que circulam pelo mundo. O objetivo é transmitir ao consumidor que o produto foi feito na Itália e, portanto, conta com as características comumente aliadas à produção no país: confiança, qualidade e sofisticação.
Outra ação realizada junto ao governo italiano foi a implantação de centros “Eataly”, pontos de venda para divulgar os sabores e aromas italianos pelo mundo. Esses centros oferecem degustação de produtos e apresentam valores subjetivos da cultura italiana, como a alegria e a descontração. Com o sucesso, os italianos passaram a desejar também ter centros como este no próprio país.
Luxo
De acordo com a presidente do Sindivest, Luciana Bechara, que participou da missão, com o país voltado ao luxo - sendo sede de marcas como Ferrari, Gucci e Giorgio Armani -, muitas indústrias investiram para posicionar-se cada vez mais neste mercado e cobrar por isso. Um dos cases apresentados foi da marca Brioni, considerada uma das mais luxuosas do mundo.
Conhecida por ser destinada a príncipes, a Brioni lançou, por exemplo, produtos exclusivos para os amantes da navegação. Em uma campanha publicitária traduzindo esses conceitos, os produtos - um terno médio custa, por exemplo, 5 mil euros, segundo o site da marca - conseguem alcançar no mercado preços ainda mais elevados. Junto à linha, a marca criou também uma série de acessórios, vendidos a condições um pouco mais módicas para aqueles que querem ter o “gostinho” de possuir algo com a etiqueta sem despender uma enorme quantia de euros.
Crise
A missão brasileira também visitou algumas indústrias do setor têxtil para conhecer o modo italiano de lidar com as dificuldades. Um exemplo é Lanificio Reda, que fabrica produtos de lã. A empresa centenária investiu milhares de euros na troca de seus equipamentos por máquinas automatizadas e modernas. No entanto, após o investimento, a crise econômica atingiu seu ponto alto e a Lanificio Reda enfrentava dificuldades.
Foi aí que encontrou a saída na inovação. A empresa inventou um novo produto e criou uma marca de materiais esportivos batizada de Rewoolution. Estes produtos, geralmente fabricados com poliesters - como agasalhos -, ganharam a lã como matéria-prima. As roupas desenvolvidas pela Lanificio Reda têm como principais vantagens ao consumidor a grande capacidade térmica e a ausência de odores do suor, em função do uso de fibras naturais.
Embora os produtos não sejam vendidos a preços baixos - uma camiseta é vendida na loja online da empresa por no mínimo 69 euros -, encontraram um grande mercado consumidor e bancaram os investimentos na modernização da planta fabril. “Nós, empresas brasileiras, podemos avançar muito. Nesta missão pudemos concluir que uma das estratégias usadas para superar a crise europeia foi o investimento em inovação, qualidade e design. A outra é o forte investimento em marca”, afirmou Luciana.