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Graziella Valente e Marina Falcão A crise nos Estados Unidos pesou sobre o balanço da Coteminas do segundo trimestre, que veio com um prejuízo
de R$ 151,2 milhões, comparado a um lucro líquido de R$ 8,4 milhões em igual período de 2010. O efeito negativo americano foi em praticamente todas as linhas. Começou prejudicando as vendas, em função
do cenário econômico. A receita líquida caiu 21,4%, para R$ 530,1 milhões. Em volume, as vendas
da principal controlada, a Springs Global, recuaram 39,1%. O corte na receita só não foi maior porque o preço médio dos produtos subiu 21,7% no intervalo
em questão, por conta de reposição de custos. A diminuição da atividade nos Estados Unidos
fez com que a participação brasileira na receita aumentasse de 41,8% para 51%. Nem a recuperação da margem bruta, em função do preço do algodão, compensou todos
os efeitos negativos. A margem bruta da empresa subiu de 16,3% para 18,9%. Isso porque no decorrer do balanço as perdas vindas do Hemisfério Norte foram se acumulando, pois a Coteminas
decidiu fazer uma baixa contábil de R$ 37 milhões em função de uma reestruturação
das operações naquele país. Esse ajuste fez as despesas gerais e administrativas subirem 25,2%, para
R$ 136,7 milhões. Essa decisão explica porque, antes do financeiro e dos tributos, o resultado operacional saiu de um lucro de R$
1 milhão para prejuízo de R$ 36,3 milhões, na comparação anual. A reorganização nos Estados Unidos levou também a um ajuste fiscal que trouxe mais perdas - de R$
70 milhões. A empresa baixou ativos fiscais reconhecidos em anos anteriores. Por conta disso, a linha de impostos do
balanço saiu de um positivo de R$ 8,6 milhões, no segundo trimestre de 2010, para um negativo de R$ 68,5 milhões,
de abril a julho deste ano. Apesar dessa baixa, a empresa alega que os créditos fiscais continuam válidos por
mais 17 anos. Para completar a lista de efeitos negativos da crise americana, a apreciação do real frente ao dólar
trouxe impacto negativo sobre a posição de hedge cambial da empresa. Com isso, a Coteminas registrou uma despesa
financeira líquida de R$ 46,4 milhões, um salto ante o R$ 1,25 milhões registrado no segundo trimestre
do ano passado. Na BM&FBovespa, o cenário da companhia também é de perdas. No ano, a ação acumula
baixa de quase 30%. O valor de mercado da Coteminas está em R$ 454,8 milhões - apenas 33% do valor patrimonial,
de R$ 1,4 bilhão. Ontem, o papel ficou estável, em R$ 3,79.