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Marta Watanabe Representantes do setor de confecções acreditam que a inspeção física de importações
de vestuário aplicada pela Receita Federal desde sexta-feira deve coibir a triangulação de mercadorias
e o subfaturamento nos desembarques. A inspeção física para verificar se os produtos importados são
regulares e se correspondem ao que foi declarado é a medida principal da chamada Operação Panos Quentes
3 e pode retardar a liberação da mercadoria em até 180 dias. Para Fernando Pimentel, diretor superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil
(Abit), o prazo de 180 dias só será aplicado para operações com fortes indícios de irregularidades.
"É preciso lembrar que o governo lançou junto uma medida para acelerar as importações regulares",
diz Pimentel, referindo-se a outra norma também divulgada na semana passada e que acelera a importação
para empresas que cumpram requisitos como a entrega de informações sobre o produto, sua origem e seu fornecedor.
"A medida para o vestuário é simplesmente de defesa e não fere as normas comerciais." Segundo Pimentel,
etapas anteriores da operação Panos Quentes permitiram a elevação de preços na importação
de vestuário. Em 2005, os desembarques de roupas valiam, em média, US$ 6 a US$ 7 o quilo. Hoje o preço
subiu para US$ 16 a US$ 17 o quilo. O setor calçadista espera medida semelhante. Heitor Klein, diretor da Abicalçados, que reúne os calçadistas,
diz que a inspeção física impediria principalmente a entrada de calçados que burlam a medida antidumping
aplicada contra a China. Outra prática que a inspeção física poderia coibir, diz Klein, é
a importação de partes de calçados. Segundo ele, essa importação tem aumentado e, na prática,
são calçados desmontados que passam no Brasil por uma simples colagem antes de serem vendidos. Isso acontece,
diz ele, porque a tributação para importação de calçados acabados é maior: de 35%,
ante os 18% a 20% aplicados para partes de calçados.