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Setor de moda investe em reciclados e artesanato

10 de junho de 2011

 

Ministério do Desenvolvimento vai lançar selo e quer criar cadastro nacional

Tecidos feitos com garrafas PET já surgem em produtos exibidos na Fashion Business, feira realizada no Rio

PEDRO SOARES

Para se diferenciar da massificação dos produtos chineses, a indústria brasileira de moda investe em tecidos ecologicamente corretos e com cunho social, com matérias-primas coletadas por cooperativas de catadores de garrafas PET ou feitas por artesãos de todo o país.

Diante disso, o Ministério do Desenvolvimento vai lançar um selo para conferir confiabilidade, identidade e padronização ao artesanato do país.

O ministério já conta com 60 mil produtores de artesanato inscritos em seu programa de fomento, mas quer fazer um cadastro único nacional que integre todas as iniciativas dos Estados.

Só o governo do Estado de São Paulo tem 70 mil produtores artesanais cadastrados.

"O artesanato é um grande viés de negócio inclusive no mercado de luxo. É por aí que passa a diferenciação do produto brasileiro", diz Eloysa Simão, organizadora do Fashion Business, feira carioca de negócios da moda.

Segundo Maria Helena Atrases, coordenadora de artesanato do Ministério do Desenvolvimento, o órgão pensou em criar o selo com o objetivo de "agregar uma marca" ao artesanato brasileiro e integrá-lo a um esquema maior de produção.

Em um momento de grande competição internacional, diz, o caminho é "buscar a diferenciação e investir em criatividade".

TUDO EM PET
Uma das maiores apostas do setor na área de reciclagem são as criações em tecidos produzidos a partir de garrafas PET.

Elas são trituradas e viram, por meio de um processamento industrial, fios similares ao poliéster -ambos são produtos petroquímicos.

Do fio de PET saem tecidos mesclados com algodão e outras fibras naturais. A Ciclo Ambiental, do Rio, produz 10 mil peças por ano e começa a investir numa cadeia de distribuidores.

"Queremos vender 10 mil por mês, pelo menos", diz Isabele Delgado, dona da grife. O estilista Marcelo Toledo criou camisetas, bolsas, bermudas, camisas e outras peças usando apenas tecidos que levam PET e couro vegetal (à base de látex natural).

No campo do artesanato, redes de pesca usadas viram bolsas, carteiras e chapéus nas mãos de dez artesãs de Pelotas (RS), zona de pesca de camarão.

A Fashion Business trouxe ainda mostras de trabalhos em rendas e outros artesanatos com aplicação na moda.

Para alguns, o trabalho artesanal já se converteu num bom negócio. Soraya Campos começou a fazer bijuterias e acessórios em casa há dez anos. Hoje tem loja própria em Nova Iguaçu (RJ).

Vende por atacado as peças em 26 Estados brasileiros e tem representações na Europa, na Ásia, no Oriente Médio e na América Latina. Ela participa da Rio-à-Porter, braço de negócios de luxo do Fashion Rio.

Para Eloysa Simão, a indústria têxtil e de confecção precisa se "reinventar" rapidamente e "gerar cabeças criativas" para conseguir bater a concorrência internacional e se lançar no exterior.

Ela detecta ainda outro problema: a desorganização da produção, ainda muito informal e sem métodos.

 

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