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Luciano Máximo
Entidades de classe dos setores mais prejudicados pela enxurrada de importações, principalmente chinesas, se uniram para tornar o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional, apesar da valorização cambial e da forte concorrência do gigante asiático.
A principal estratégia do grupo formado por Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Associação Brasileira de Estilistas (Abest) e Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB) é dar prioridade ao design e à exploração de conceitos genuinamente brasileiros aos produtos nacionais para atrair o interesse de consumidores estrangeiros.
Ilse Guimarães, superintendente da Assintecal, conta que a formação do grupo começou a ser pensada há alguns anos, quando os setores calçadista e de tecidos começaram a registrar perda de terreno no mercado doméstico e externo para produtos chineses. A parceria vale para agregar valor no desenvolvimento do produto, na prospecção de mercado e na promoção comercial fora do país.
A dirigente da Assintecal diz que a competição com os produtos chineses no mercado internacional deve ser fundamentada na qualidade dos produtos. Não temos condições de concorrer em preço, seria regredir. Vamos agregar valor para vender mais, usando diferenciais que nos favorecem, como o design brasileiro, o que a nossa cultura oferece. Isso chama a atenção do estrangeiro, explica Ilse.
Cristine Kopschina, coordenadora de marketing internacional da Abicalçados, acrescenta que a unificação dos setores é apoiada por órgãos oficiais, como a Apex e o Sebrae. O objetivo das entidades de classe e dessas agências governamentais é criar um sistema de comércio exterior focado na moda brasileira.
Nos Estados Unidos e na Europa já existe rejeição a uma grande variedade de itens made in China. Queremos aproveitar esse espaço para vender produtos com a nossa referência. Vamos deixar de copiar a moda italiana ou francesa para apostar na linguagem brasileira. Há mercado para isso, e os chineses não conseguem competir com a originalidade dos produtos brasileiros, avalia Cristine.
As parcerias interssetoriais para estimular as exportações brasileiras serão discutidas no evento Inspiramais, que ocorre a partir de hoje no Centro de Convenções Frei Caneca, em São Paulo. A feira também terá exposição de produtos a clientes estrangeiros.
Um dos primeiros resultados práticos de toda essa articulação das entidades é a negociação comercial entre empresas brasileiras presentes ao evento e a rede americana Macys, que conta com 800 lojas de departamento. A cadeia estuda encomendar peças de vestuário e calçados fabricados no Brasil para as temporadas de moda do inverno 2012 e verão 2013.
A vinda ao Inspiramais tem como foco a pesquisa de materiais, o conhecimento dos produtos brasileiros e a negociação comercial. O mercado de componentes, como couros, sintéticos, pedrarias e fivelas, interessa à Macys. A rede pretende fazer uma ação especial de materiais e produtos brasileiros em suas lojas, diz Ilse.