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Alta no algodão encarece o vestuário em até 30%

31 de maio de 2011

Inflação de 48% no último ano do popular material afeta novas coleções

Têxteis repassam parte do custo para roupas de inverno; importações da China crescem 33% entre janeiro e abril

CLAUDIA ROLLI

Com a alta histórica no preço do algodão, a coleção de roupas Verão 2012, exibida a partir desta semana nas passarelas do Fashion Rio, começa a chegar às lojas em agosto com preços entre 10% e 20% maiores do que os do ano passado.

Seis em cada dez peças fabricadas pelas empresas têxteis brasileiras são feitas de algodão ou têm, em maior parte, essa matéria-prima em sua composição.

Pressionadas pelo custo do algodão -que chegou a subir 248% no mercado entre 30 de setembro de 2009 a 15 de março deste ano e 48% nos últimos 12 meses-, confecções de pequeno a grande porte do país reajustam os preços pela segunda vez com a nova coleção.

Parte delas já havia repassado o custo da matéria-prima para a coleção de inverno. As peças dessa temporada ficaram, em média, 15% a 18% mais caras do que as da mesma coleção em 2010.

"A indústria têxtil repassa somente em parte o custo da matéria-prima e carrega em parte esse custo. A coleção de inverno foi produzida com o algodão no pico de seu custo. E a de verão foi negociada com os preços ainda elevados", diz Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Abit, associação que reúne a indústria têxtil e de confecção.

Responsável pela coleção da R.Groove, marca que surgiu em 2007 e participa pela quinta vez do Fashion Rio, Rique Gonçalves afirma que, além dos problemas de custo, as grifes também tiveram de enfrentar falta de insumos neste ano.

"A moda verão é feita praticamente 90% de algodão, não há como substituir esse material, como se faz no inverno. Como a demanda estava aquecida, alguns fornecedores atrasaram a entrega. A disputa para conseguir comprar mais lotes de algodão foi maior neste ano", afirma o designer.

As peças da R.Groove estão entre 10% e 15% mais caras do que os preços da coleção de verão passada, segundo Gonçalves.

"O setor já enfrenta problemas com impostos elevados, escassez de mão de obra. Essa questão da matéria-prima só empurra as empresas para trazer cada vez mais produtos de fora."

Na Cotton de Fadas, da designer Cristina Daher, os preços de algumas peças foram reajustados em até 30%. "Não tenho como absorver o custo do algodão porque minha produção é pequena."

PREOCUPAÇÃO
O aumento das importações de produtos têxteis -em sua maior parte da China- é uma das maiores preocupações do setor, segundo a Abit. De janeiro a abril deste ano, as importações cresceram 33%, enquanto as exportações aumentaram 5,8%.

"A previsão de deficit na nossa balança comercial é da ordem de US$ 5 bilhões. Isso mostra enfraquecimento da indústria e nos preocupa", diz o presidente da Abit.

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