Av. Cândido de Abreu, 200
Centro Cívico - CEP: 80530-902 - Curitiba/PR
(41) 3252-5369
Setor quer convencer governo a adotar medidas que reduzam invasão de produtos asiáticos; rombo pode chegar ainda este ano a US$ 6 bilhões
Renato Andrade
A indústria têxtil e de confecção quer convencer o governo a adotar medidas que reduzam a invasão de produtos asiáticos no mercado nacional. A preocupação maior é evitar que o desempenho comercial do setor sofra um novo baque, depois do déficit recorde registrado no ano passado.
"Não podemos entregar de forma ingênua o mercado interno para países que gozam de todos os tipos de subsídios que existem na face da terra", defende Aguinaldo Diniz Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit).
No ano passado, a balança comercial da indústria têxtil amargou déficit de US$ 3,5 bilhões. Pelos cálculos feitos pela Abit, se nada for feito, o rombo pode chegar este ano a US$ 6 bilhões. "O setor não está pedindo proteção ou ajuda, pelo amor de Deus", diz Diniz Filho. "Queremos competir de forma igualitária, mas eles têm uma metralhadora e eu tenho um canivete, e os árbitros entendem que essa competição está correta."
O que chama atenção da Abit é a velocidade da deterioração do saldo comercial. Em 2005, a entrada de produtos têxteis no mercado local, vindos de países como a China, ainda não tinha alcançado o volume atual e o setor conseguiu fechar o ano no azul. Desde então, os saldos anuais não saíram mais do vermelho.
"Temos de ficar atentos com a rapidez dessa tendência", pondera o executivo. O comportamento das importações no início deste ano reforça os temores da associação. Somente em fevereiro, a compra de têxtil confeccionado no exterior ficou 42% acima do registrado no mesmo período do ano passado.
"Precisamos ter um senso de urgência e começar a discutir defesa comercial. A falta disso está solapando a indústria de transformação brasileira", lamenta Diniz Filho. O setor têxtil e de confecção no Brasil é formado por 30 mil empresas, que empregam 1,7 milhão de pessoas. Em 2010, os investimentos do segmento somaram US$ 2 bilhões.
Frente parlamentar. A Abit acredita que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, está "consciente" dos problemas que afetam o setor e aposta numa postura "proativa" do ministro. Diniz Filho pondera que a estrutura do Departamento de Defesa Comercial (Decom) é insuficiente para encarar os problemas que o País enfrenta nesta área e que tendem a aumentar à medida que a corrente de comércio do País com o mundo se ampliar. "Lá dentro do ministério tem 18 pessoas trabalhando no departamento. Nos Estados Unidos, eles têm 1,5 mil pessoas", compara.
Para ampliar a lista de aliados, a Abit lançará na próxima semana uma frente parlamentar para agregar apoio dentro do Congresso. Na Câmara, a frente será liderada pelo deputado Henrique Fontana (PT-RS). No Senado, essa posição deve ser exercida pelo senador Luiz Henrique (PMDB-SC).