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Inflação percebida pelos proprietários de automóveis é maior que o índice
oficial; lojas de peças sentem fuga de clientes
Não é apenas a alta nos preços dos
combustíveis que está pesando no bolso dos proprietários de veículos. No primeiro trimestre deste
ano, itens como seguro obrigatório, inspeção veicular, óleo de motor, estacionamento, peças
para reposição e franquia de seguro ficaram até 13,5% mais caros, pressionando a inflação
percebida pelos donos de automóveis.
Com a escalada dos preços, os gastos com a manutenção
do veículo estão abocanhando uma parcela cada vez maior do salário do consumidor. O professor universitário
Loque Arcanjo, 34, tem um Uno Mille ano 2005/06 e roda cerca de 50 quilômetros por dia. No último mês,
ele gastou 25% da renda da família, que gira em torno de R$ 4,5 mil por mês, com o automóvel. O valor
foi destinado ao pagamento de combustível, revisão do veículo, impostos e seguro obrigatório.
Antes
do aumento da gasolina, Arcanjo desembolsava R$ 300 por mês para abastecer o carro. "Agora vai ficar cada vez mais difícil
andar de automóvel", reclama. Em março, a "inflação do carro" foi de 3,76%, a maior variação
mensal registrada nos últimos oito anos, conforme levantamento realizado pela Agência AutoInforme na Região
Metropolitana de São Paulo. O diretor da entidade, Joel Leite, ressalta, porém, que o resultado reflete o que
está acontecendo nos demais estados.
De acordo com a pesquisa, os ítens que mais pressionaram o índice
foram álcool (13,89%), franquia de seguro (13,56%) e estacionamento mensal (4,4%). No acumulado do ano, o álcool
também lidera o aumento (19,07%), seguido por seguro obrigatório (11,69%)e inspeção veicular (10,68%).
Em
Belo Horizonte, entre janeiro e março, além de arcar com um aumento de 17,27% no preço do álcool
e pagar 7,03% a mais pelo litro de gasolina, os motoristas enfrentaram uma alta de 7,7% no valor do seguro obrigatório
e de 7,3% no custo do óleo lubrificante. De acordo com o coordenador da Fundação Instituto de Pesquisas
Econômicas e Administrativas da UFMG (Ipead), Wanderley Ramalho, os índices ficaram acima da inflação
acumulada no mesmo período em Belo Horizonte, de 3,60%.
As peças veiculares também ficaram mais caras desde o início do ano. Na Autoway, o aumento variou
de 10% a 20%, segundo o responsável pelo setor de compras, Rodrigo Augusto. Com o aumento, em algumas lojas de autopeças
e oficinas da capital, as vendas chegaram a cair até 20%.
A queda também está sendo atribuída
à elevação dos preços da gasolina e do álcool. "O cliente está deixando de fazer
a manutenção do carro porque está gastando mais com combustível", diz o vendedor da Sagga Autopeças,
Rodrigo Teixeira da Silva.
A opinião é compartilhada pelo diretor-proprietário da Check Car Centro
Automotivo, Frederico Carvalho. "As vendas caíram 10% em março, apesar de não ter havido aumento nos
preços", garante.
Levantamento feito pelo site Mercado Mineiro entre 28 de março e 1º de abril constatou
que o preço da revisão veicular de um carro popular com itens de série básicos, em Belo Horizonte,
variou até 256,48% de um estabelecimento para outro.
Já o alinhamento do carro, por eixo, custa entre
R$ 15 e R$ 40, uma variação de 166,67%. "Para evitar gastos ainda maiores, o consumidor deve pesquisar antes
de levar o veículo para a revisão", adverte o coordenador do site de pesquisas, Feliciano Lopes de Abreu.