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Óleos e combustíveis envelhecem, danificam peças e podem deixar revisão de quem não roda 40% mais cara para quem dirige pouco, a recomendação é trocar componentes pela data e não pela quilometragem
RICARDO RIBEIRO
Deixar o carro na garagem e usá-lo de vez em quando pode parecer uma solução econômica. Porém, de acordo com especialistas, carros que rodam pouco precisam de manutenção tão cuidadosa quanto a dos veículos usados com frequência.
Para César Samos, da Mecânica do Gato, quando o carro demora a atingir a quilometragem prevista para troca de óleo ou para esgotar o tanque de combustível, o motorista pode ter prejuízo.
"Os líquidos envelhecem e danificam peças. A gasolina, por exemplo, pode entupir bicos injetores", diz Samos.
Segundo o engenheiro Antônio Alexandre Ferreira Correia, da Gerência de Tecnologia da Rede de Postos Petrobras, a validade de óleos e combustíveis varia de acordo com as condições de armazenagem, o tipo de petróleo e o processo de refino.
"Por segurança, adota-se um prazo máximo de dois meses para armazenagem de combustível no tanque. Para óleo do motor, o prazo varia entre seis meses e um ano, ou uma certa quilometragem, de acordo com as recomendações das montadoras de veículos", explica Correia. Portanto, os que preferem garagem à rua não devem encher o tanque.
Uma orientação para quem roda pouco é usar combustível "premium" (como a linha Podium), mais caro. "A resistência à oxidação [envelhecimento] é maior que a das outras categorias. O prazo de armazenagem é de seis meses."
De acordo com João Irineu Medeiros, diretor de Engenharia da FPT, o cliente que dirige pouco tem uma revisão
diferenciada e todos os fabricantes têm recomendações.
"A troca de óleo do motor, por exemplo,
será feita pela data e não pela quilometragem. É importante ler o manual do carro e avaliar as especificações
dos fluídos e filtros, bem como as instruções de seus fabricantes."
O terreno também influencia. "Quem usa o veículo em estradas sem calçamento e com poeira precisa trocar o líquido do sistema de arrefecimento em uma quilometragem menor", diz Medeiros.
EFEITO PADARIA
Não há como fugir, porém, dos efeitos na revisão. Eles são ainda piores para quem dirige esporadicamente e em curtas distâncias.
"O carro não roda o suficiente para haver lubrificação das peças e para o motor esquentar",
afirma Karlos Gama Dantas, chefe de oficina da Brasilwagen do Cambuci.
É o que os mecânicos chamam de efeito
padaria. Algumas oficinas classificam carros que rodam pouco como de uso severo -igual aos que andam acima da média.
"Na revisão é comum ter que antecipar troca de peças por falta de uso, o que eleva o custo em 40%", diz Dantas.