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Um mês e meio após os governos do Brasil e da Argentina fumarem o cachimbo da paz e liberarem de forma gradual a entrada de produtos de ambos os lados, calçados, têxteis, alimentos e automóveis, entre outros, continuam parados na fronteira entre os dois países. Enquanto representantes dos governos tentam amenizar o problema, o setor privado reclama que a "carta de boas intenções" anunciada no início de junho não aliviou a situação dos exportadores.
Segundo fontes do setor automotivo da Argentina, há 40 mil automóveis fabricados no país aguardando a liberação das licenças não automáticas para entrar no Brasil. Parte está na fronteira, parte em trânsito e nas alfândegas. Também há muitos veículos destinados à exportação estacionadas nas fábricas locais.
Desde segunda-feira, afirmam as fontes, apenas 5 mil veículos argentinos entraram no território brasileiro. O Ministério da Indústria da Argentina confirma a demora para a saída dos produtos do país, mas não considera o episódio como restrição e sim que "há problemas logísticos nos portos" do Brasil. O órgão ressalta que o Brasil liberou entre quarta-feira da semana passada e quarta-feira desta semana 18,5 mil veículos argentinos.
O governo da presidente Cristina Kirchner afirma que o estoque de automóveis com entrada atrasada nos portos brasileiros é de apenas 10 mil veículos. Segundo a reportagem apurou, somente a Fiat tem cerca de 4 mil veículos parados nos dois lados da fronteira. Da Argentina, vem o modelo Siena. A Renault tem outros mil. A marca traz do país vizinho os modelos Clio, Symbol, Fluence e Kangoo. A General Motors, que importa Classic e Agile, seria uma das mais prejudicadas.
Para não se indispor com as partes envolvidas, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) limitou-se a dizer que "aguarda solução positiva negociada pelos governos para normalizar a situação, pois o setor automotivo representa 25% das relações bilaterais" entre Brasil e Argentina.
O acordo fechado em junho entre a ministra da Indústria da Argentina, Débora Giorgi, e o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, estabeleceu redução substancial do período de liberação das licenças não automáticas, prática adotada para controlar as importações, mas o acerto não tem sido cumprido. "Existem biscoitos e guloseimas brasileiras que estão sem receber liberação desde março", diz um integrante da Câmara de Importadores da Argentina. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.