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Teste reprova 11 montadoras por não informarem dados sobre eficiência energética e emissão
de gases de carros Rennan Setti Saber exatamente o quanto seu carro polui e quantos quilômetros ele percorre com um litro de combustível é
tarefa quase impossível no Brasil. Pesquisa inédita do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) revela
que os canais de atendimento das 11 principais fabricantes de automóveis instaladas no país não informam
aos clientes dados sobre a emissão de gases poluentes e a eficiência energética dos veículos. E
isso apesar de esses dados existirem e estarem prontos para divulgação, por meio de dois programas do governo
federal. O estudo testou a prestação de informações sobre esses temas por meio de sites, Serviços
de Atendimento ao Consumidor (SACs) e diretamente nas concessionárias das montadoras que mais venderam carros na primeira
metade do ano. São elas: Citroën, Fiat, Ford, General Motors (Chevrolet), Honda, Hyundai, Nissan, Peugeot, Renault,
Toyota e Volkswagen. Idec defende que programa de etiquetagem seja obrigatório No quesito poluição, o Idec quis saber se as empresas divulgam os dados da Nota Verde, programa do Ibama
que informa os níveis de emissão de gases de todos os veículos leves produzidos no país desde
2009. Quanto à eficiência energética, a pesquisa avaliou sobretudo se as fabricantes informam se participam
do Programa Brasileiro de Etiquetagem Veicular (PBEV) - espécie de selo Procel para carros lançados em 2008
e coordenado pelo Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro) - e se divulgam sua classificação segundo o programa
(de A, para o mais eficiente, a E). O Idec ainda enviou questionários às empresas. Resultado: nenhuma das montadoras prestou informações de modo satisfatório. Seis companhias simplesmente
não informaram qualquer dado sobre os temas em nenhum dos canais, inclusive o questionário. As outras cinco
informaram dados antigos ou imprecisos ou aconselharam o consumidor a pesquisar pelo Inmetro. O pior: todas são reincidentes
no problema, que foi detectado pelo Idec em pesquisa semelhante feita há dois anos. - As montadoras continuam sonegando informações sobre poluição e eficiência dos veículos
aos consumidores - acusou Adriana Charoux, pesquisadora do Idec. - Ninguém compra uma geladeira hoje, por exemplo,
sem saber se o consumo dela vai pesar na conta de luz. Mas, no caso de carros, as fabricantes ainda não encaram esses
dados como fator de competitividade. Por causa desse "apagão de informações", o Idec defende que todas as fabricantes e importadoras sejam
obrigadas a participar do PBEV, cuja adesão, hoje, é voluntária. Em seu primeiro ano, quando chegaram
ao mercado os veículos modelo 2009, cinco empresas participaram. Em 2010, foram seis e em 2011, nove - mas apenas seis
tinham entregue os dados a tempo de receberem classificação ainda este ano. Segundo levantamento da ONG Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), em 2010, o programa abrangia apenas um terço
dos carros vendidos no país. Mas o que mais preocupa entidades como o Idec é quanto ao uso da etiqueta com a
classificação de eficiência, que, por ser voluntário, jamais foi adotado pelas montadoras (que
só são obrigadas a informar o dado no manual do carro). Apesar das críticas, o Inmetro defende que o programa permaneça voluntário. Para Marcos Borges, coordenador
do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE) do instituto, a participação das fabricantes "tem evoluído
em velocidade ultrarrápida": - Há três anos não tínhamos a divulgação de qualquer dado nesse sentido. Logo,
a situação hoje é muito boa. Mas se daqui a três anos não tivermos toda produção
nacional dentro do programa, ficaremos decepcionados e teremos, sim, que ouvir a sociedade sobre a obrigatoriedade. O Inmetro adiantou ao GLOBO que em 2012 serão nove montadoras participantes do PBVE (incluindo o grupo PSA, que
engloba Peugeot e Citroën). O programa vai classificar 83 modelos em 125 versões. O instituto também promete
novidades para 2012. Todos os modelos participantes, por exemplo, terão que levar a etiqueta a partir de março
(a data foi um pedido das fabricantes, que disseram precisar de mais tempo para ajustar sua produção). O selo
também estará integrado à Nota Verde, trazendo informações sobre emissão de gases
poluentes. Até março, a classificação deverá estar visível pelo menos na concessionária. Em 2012, dados de eficiência energética só obedecendo o padrão Além disso, a partir do ano que vem, todas as fabricantes que quiserem divulgar dados sobre eficiência terão
que fazê-lo por meio das regras do programa, mesmo que não participem dele. A empresa que descumprir essa regra
pode ser multada. Já a partir dos modelos 2013, haverá também classificação absoluta da
eficiência dos veículos, ou seja, os modelos serão comparados independentemente da categoria que façam
parte (compacto, semi-compacto etc.). - Esperamos que o Inmetro esteja certo em sua previsão, mas só acreditamos que o programa terá 100%
de adesão se for obrigatório. Vemos o problema por dois lados: as fabricantes não se importam em divulgar
esses dados e os consumidores também não cobram - afirmou Carmem Araújo, diretora do Iema. A Toyota ressaltou que a divulgação do PBEV depende de "reconhecimento por parte do consumidor e incentivo
ao próprio programa". O grupo PSA disse que a divulgação dos dados do Nota Verde são de responsabilidade
do Ibama. Quanto ao PBEV, disse avaliar "a melhor circunstância e oportunidade para participar". A Hyundai também
informou que está avaliando participar do PBEV. A Renault ponderou que o consumo de combustível é influenciado
por vários fatores, mas informou que participa do Conpet, programa do governo federal para racionalização
do uso de combustíveis, e aguarda a finalização dos dados para divulgá-los. A Honda informou que a classificação dos veículos participantes do PBEV estão no site do Inmetro
e que isso é informado aos consumidores no SAC. A Volkswagen afirmou que cumpre as normas sobre a divulgação
dos índices homologados de consumo e de emissões de seus veículos.
A GM preferiu não
comentar a pesquisa por não participar do PBEV. Procuradas Ford, Fiat e Nissan não responderam.