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Atravessar um momento de crise não é fácil. Entretanto, além da necessidade de sobrevivência, a indústria precisa pensar em seu futuro. Estima-se um 2017 melhor para o setor produtivo e a empresa deve estar preparada para esta retomada e aumento de demanda. E ainda deve lembrar que o setor industrial passa por mudanças em todo o mundo, com a meta de se tornar cada mais competitivo e sustentável. O empresário não pode deixar de ficar atento a isto.
Nesta entrevista ao Boletim da Indústria, o professor João Sousa, coordenador da Escola de Gestão do IEL, salienta a importância do segmento produtivo estar pronto para enfrentar os desafios que já estão por aí. Confira:
Boletim da Indústria - O custo é sempre um dos primeiros fatores que recebem atenção dos industriais. Mas, até que ponto cortar os custos é realmente positivo?
João Sousa - Existem vários aspectos quando falamos em cortar custos. Muitas empresas, quando se fala em cortar custos, pensam logo em mão de obra. Esse é um custo bastante imediato e é o que mais se enxerga. Porém, o que se está vendo hoje no mercado é que até pode ter esse caminho. No entanto, o mais importante é começar a pensar em fazer as mesmas coisas de formas diferentes, trazendo o pensamento da inovação para dentro da empresa. De se pensar de forma inovadora: como a minha logística está sendo feita? Como meus processos internos estão sendo feitos? Quem são as pessoas que estão sendo envolvidas nestes processos?
Geralmente, quando se fala no departamento de Recursos Humanos, por exemplo, as pessoas pensam na parte operacional, da folha de pagamento, etc. E o RH está passando a ser hoje um dos pontos, ou o ponto talvez, mais importante de uma organização. É o setor que busca alocar os recursos humanos no melhor lugar, com o perfil mais adequado, fazendo o que gosta, com quem gosta e onde gosta. E todos os departamentos, independentes de quais sejam, precisam ter pessoas desta forma. Então, às vezes, você não precisa retirar um tanto de pessoas. Já vi muita organização justificando uma demissão porque o funcionário ganhava mais, porém, na retirada daquela pessoa era possível colocar cinco outras no lugar que não proporcionavam o mesmo resultado. É o famoso “barato que sai caro”.
Conceitos como inovação, manufatura enxuta e Indústria 4.0 estão bastante em voga e representam o futuro da indústria. É um caminho a ser percorrido a partir de agora ou é preciso realmente ‘correr atrás’?
Esse é um processo que já está em andamento. A Indústria 4.0 iniciou em 2011 e 2012, ou seja, já se passaram quatro anos. Toda a indústria alemã, por exemplo, já está trabalhando neste sentido. A indústria brasileira e as federações das indústrias já estão mergulhadas neste universo, buscando compreender o que está ocorrendo. O Senai é um exemplo de instituição que já está trabalhando desta forma, entendendo as demandas futuras e presentes deste modelo.
É necessária uma visão empreendedora também do negócio. É preciso deixar de ter uma atitude muito reativa para possuir uma ação mais proativa, buscando atender as necessidades do cliente, otimizando recursos, principalmente os humanos, e se dedicando a um resultado sustentável. Quando a gente pensa na sustentabilidade muitos acaba focando na questão ambiental, que é extremamente importante, mas que é tão importante quanto à questão social e também a econômica.
Falando ainda sobre o futuro, fala-se ainda em customização e “foco no foco do cliente”. O senhor poderia destacar os pontos importantes neste processo? Há alguns eixos nos quais o industrial deve começar a prestar a atenção?
Se você olhar o mercado como um todo, cada vez mais estamos segmentando os tipos de produtos e serviços que queremos oferecer. As indústrias vivem hoje o grande sonho do one-to-one, ou seja, atender aquele cliente conforme seus sonhos e necessidades. É lógico, há muita dificuldade. Mas quanto mais segmentado você estiver, mais claro será o seu nicho de mercado quanto ao nível de atuação e com menos concorrentes. Você acaba sendo referência e consegue atender à demanda daquele público específico. A customização nada mais é do que o ‘foco no foco do cliente’. Muitas vezes, se você focar apenas no cliente, você perde quais são as tendências e necessidades futuras. Com ‘o foco no foco do cliente’, você vê quais são os desejos e necessidades dele no curto, médio e longo prazo. A partir disto, tudo passa a ser em conjunto com ele na adaptação, evoluções tecnológicas e construções deste processo produtivo.
Como a indústria pode se preparar para o futuro?
O mais importante é considerar que estar pronto é tudo. Então, começar a visitar os clientes e ver os clientes, não só os internos, mas o mercado externo. Olhar o mercado como um todo, compreender onde você se encontra e, de fato, aprimorar essa inovação constante dentro da empresa. Inovação não é custo, é um grande investimento. Quanto mais investimos em inovação, mais valores as pessoas vão compreender e maior será a percepção pelo cliente daquilo que você faz, incentivando a tendência d e ele te manter como fornecedor com diferencial. E é isso que a gente procura: ser competitivo. A competitividade é essa equação. É preciso dar empoderamento às ideias dentro da organização, de todos os que participam da organização, valorizando o intraempreendedorismo. Ter essa visão é fomentar ideias, de mudanças constantes, para que você continue evoluindo, melhorando os seus processos e os seus resultados.