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A constatação é feita por diversos sindicatos paranaenses: na maioria dos setores da indústria, a falta de mão de obra qualificada se tornou um problema crônico. De acordo com economistas, o comportamento atual da juventude brasileira é um dos polos desse problema. Diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes) e professor de economia da FAE, Gilmar Lourenço lembra que 20% dos jovens com idade entre 15 e 29 anos não estão trabalhando nem estudando, segundo pesquisa do IBGE divulgada em 2013.
“Ao mesmo tempo, em uma população com mais de 50 anos, o desemprego fica em uma pequena faixa de 5%. Isso mostra que os mais velhos, chefes de família, até voltam a trabalhar para complementar a renda, enquanto os jovens, que poderiam estar ingressando, por exemplo, no setor industrial, demoram a entrar no mercado de trabalho. Ou porque estão ampliando seu tempo de estudo ou porque simplesmente não querem trabalhar”, avalia Lourenço.
Para o economista e analista da coordenação de desenvolvimento da Fiep, Jerri Chequin, a falta de mão de obra especializada é a segunda causa de redução da competitividade da indústria, ficando atrás apenas do problema da alta carga tributária nacional.
Defasagem
O descompasso entre a evolução tecnológica industrial e o tempo de formação de novos profissionais são outros fatores que reduzem a oferta de mão de obra especializada, observa Chequin. “Em um mercado muito competitivo, a tecnologia avança muito rapidamente e o país não dá conta de formar pessoas capacitadas nesse mesmo ritmo”.
Para Chequin, o problema da escassez de trabalhadores qualificados ficou evidente a partir da década de 1990. A abertura de mercado promovida pelo plano Collor exigia maiores investimentos nacionais na formação de trabalhadores, porém isso não aconteceu. “Nesse período caíram muitas barreiras que protegiam a indústria brasileira em relação aos importados e a competitividade aumentou muito. Mas só a partir do governo Lula surgiram mais incentivos para programas de inovação da indústria e também para a área de formação”, afirma o analista.
Conquista dos jovens
Mostrar que o universo da indústria pode ser atrativo é outro desafio que o setor precisa vencer. “Por vezes, até ganhando menos, muitos jovens preferem trabalhar em um shopping do que na indústria. O setor então precisa acabar com estigmas negativos do chão de fábrica, mostrando que esse ambiente mudou. Da mesma forma, é preciso mostrar que um trabalho em uma pequena indústria pode gerar um retorno tão positivo quanto em uma grande”, destaca Chequin.
Maiores investimentos estatais em educação também são fundamentais para o Brasil estabilizar sua mão de obra. Na visão de Lourenço, a administração da presidente Dilma Rousseff “deixou de lado a educação fundamental e média, que, aliás, vem produzindo os resultados desanimadores à nação, quando cotejados com a média dos países emergentes e avançados”.
No âmbito do Sistema Fiep, Chequin lembra a importância dos investimentos feitos pelo Senai, ao ofertar uma série de cursos técnicos, muitos deles gratuitos, por meio do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Em paralelo, o Sesi, com sua rede de colégios, contribui igualmente para a formação de futuro trabalhadores. “Ao mapear e publicar o perfil do profissional do futuro, a Fiep também estabeleceu uma importante ligação com as instituições de ensino, de modo que elas podem adequar seus currículos de acordo com as reais necessidades da indústria”, conclui o analista.