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Falta de mão de obra qualificada ajuda sindicatos

02 de maio de 2011

Júlia Pitthan e Sérgio Bueno

Com o mercado aquecido na região Norte de Santa Catarina, as categorias ligadas ao setor metal-mecânico conseguiram ganhos reais nos reajustes do começo deste ano, mas eles ficaram abaixo de 1,5%. Já os trabalhadores da General Motors no Rio Grande do Sul negociaram um aumento semelhante ao obtido em São Paulo no ano passado, e os têxteis só receberam a inflação passada.

O Sindicato dos Mecânicos de Joinville e Região, entidade que representa cerca de 19 mil trabalhadores, acertou 7,5% de reajuste nos salários - sendo 1,2% de aumento real na bata-base, em maio. Segundo João Bruggmann, presidente do Sindicato dos Mecânicos, nos anos anteriores o ganho real não superou 1%. Conforme Renato Gruhl, presidente do Sindicato Patronal das Indústrias Mecânicas de Joinville e Região (Sindimec), a falta de mão-de-obra qualificada disponível na região exige a necessidade de reter os trabalhadores com experiência nas empresas.

Em Jaraguá do Sul, os metalúrgicos conquistaram, em janeiro, reajuste de 7,5% nos salários. O setor metal-mecânico congrega 19,5 mil trabalhadores formais na região e 230 empresas. Segundo Celio Bayer, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e do Material Elétrico de Jaraguá do Sul, a cidade enfrenta uma situação de pleno emprego com a geração de 4.350 novos postos de trabalho em 2010.

Em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre, os 2,3 mil metalúrgicos da unidade local da General Motors, que têm data-base em primeiro de abril, fecharam acordo com a montadora e vão receber reajuste total de 10,5%, o que representa um aumento real próximo a 4%. No ano passado o índice global havia ficado em 7,3%, com 2% além da inflação. O aumento real deste ano foi semelhante ao pago pelas montadoras paulistas no segundo semestre

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Simgra), vinculado à Força Sindical, Edson Dorneles, o acordo foi fechado na quarta-feira da semana passada, com mediação do Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Dois dias antes, em assembleia geral, os funcionários haviam decretado estado de greve porque não concordaram com a proposta da empresa, que ofereceu reajuste de 9%, ante a reivindicação inicial de 12% apresentada pelo sindicato.

A Federação dos Metalúrgicos do Rio Grande do Sul, ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), iniciou a campanha salarial deste ano cobrando aumento real de 7,5%, equivalente ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2010. Junto com o INPC acumulado em 12 meses até abril, o pedida supera 13%, e fica acima dos 8% obtidos em 2010, quando o ganho real ficou em 2,51%.

A campanha envolve 27 sindicatos do Estado, inclusive de Porto Alegre e da maior parte dos municípios da região metropolitana que têm data-base em 1º de maio e representam 130 mil dos 200 mil metalúrgicos gaúchos. Segundo o diretor da federação, Ademir Bueno, os metalúrgicos decidiram aumentar a reivindicação deste ano porque o mercado está aquecido, as empresas estão faturando e vendendo como nunca e há escassez de mão de obra. De acordo com ele, a campanha deve esquentar a partir do início das negociações e os sindicatos poderão promover paralisações pontuais para pressionar pelo aumento.

 

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