Avenida Aviação, 1851 - Jardim Aeroporto
Apucarana - Paraná
Fone/Fax: (43) 3423-6622
e-mail: sindimetalapucarana@uol.com.br
A desaceleração da economia trouxe nuvens carregadas no horizonte e, segundo especialistas, o mau tempo não deve ser uma frente fria passageira e vai durar mais do que uma estação. De acordo com o economista e professor universitário Marcos Rambalducci, a economia, e consequentemente os negócios, passam por uma turbulência, provocada por decisões macroeconômicas equivocadas. “A transferência de renda para uma classe trabalhadora, sem o aumento da produtividade nas empresas e indústrias, gerou inflação, fator que retirou o poder de compra da população”, explica.
Rambalducci calcula que essa crise será duradoura e, para atravessá-la, será preciso restabelecer a confiança do setor produtivo, que parou de investir, e do consumidor, para que haja geração de renda. A afirmação do economista é reforçada por uma pesquisa feita pela Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), que ouviu 1.205 empresas. O levantamento apontou uma diminuição de 44% nos investimentos - principalmente no que diz respeito à aquisição de máquinas novas. A queda é a maior desde 2009.
Associar a crise às dificuldades é o lado mais previsível, na opinião do consultor do Sebrae/PR, André Basso. No entanto, de acordo com ele, os empreendedores precisam entender que os esforços feitos durante um período de recessão podem trazer diferenciais que podem ser incorporados na rotina da organização e melhorar sua competitividade.
Uma das vantagens das pequenas e micro indústrias é a versatilidade, seja na facilidade de investir em novos produtos ou serviços e ampliar o leque de atuação ou em novos processos para melhorar a performance. “A necessidade de mudança acaba gerando oportunidades para os negócios de pequeno porte. Por isso, os momentos de crise também podem favorecer o crescimento e a adoção de práticas inovadoras, que podem se tornar um diferencial daquele empreendimento. Acreditamos que o cenário adverso pode trazer transformações positivas, para tornar o negócio mais estruturado”, orienta.
Além disso, André Basso acrescenta que a tendência é de que as empresas de pequeno porte demitam menos, porque os funcionários podem ser aproveitados em outras funções com mais facilidade.
Experiência
Breno Francovig Rachid, diretor industrial da PZL-Tecnologia em equipamentos, em Londrina, está no mercado há 30 anos. A empresa já está se preparando para atravessar a crise desde 2011, com foco em duas vertentes: gerenciamento de produtos e gestão financeira. “Já passamos por outros períodos de recessão e já imaginávamos que a boa fase da economia seria passageira e que o consumo iria diminuir. Não seria possível manter aquela movimentação financeira que vimos num passado recente”, diz.
No momento em que as vendas estavam deslanchando, muitas empresas precisaram contratar funcionários, que agora estão sendo demitidos. Ao invés de investir em mão de obra, a PZL começou a implementar melhorias para alavancar a eficiência e a produtividade, sem alterar o quadro de colaboradores.
A empresa também investiu em equipamentos que, num primeiro momento pareciam caros, mas ofereceram um bom custo benefício porque permitiram produzir mais, com mais qualidade e em menos tempo. Outra estratégia adotada foi a capacitação dos colaboradores, que foram matriculados em cursos. “Os funcionários aprenderam a controlar as vendas, o faturamento e o estoque. Também passaram a conversar com os fornecedores para mandar todo mês uma determinada quantidade de produtos para não acumular um grande montante de mercadorias”, conta Rachid.
O lançamento de novos produtos é outro fator que ajuda a empresa a manter o faturamento. “Utilizamos programas de fomento, como o Sebraetec, do Sebrae, para aumentar nossos itens, dividindo os 'ovos em cestas' diferentes. Para o final do ano, lançaremos um novo produto, de olho na diversificação do mercado”, relata o diretor industrial da PZL.
A política de atendimento ao consumidor também passou por mudanças. Para fidelizar os clientes, a PZL passou a parcelar o valor dos serviços de manutenção, que já são agendados previamente, de acordo com a necessidade - uma ou duas vezes por ano. “Desta forma, já podemos trabalhar com o dinheiro do cliente”, destaca Rachid.
O êxito da tática da PZL para driblar a crise envolveu toda a diretoria e também os funcionários da empresa. Eles fizeram várias reuniões para discutir sobre o que era terceirizado e que poderia ser trazido para dentro da organização, sempre com o objetivo de melhorar processos e diminuir os custos. “Todos participaram e nos ajudaram a pensar em alternativas para diminuir custos e manter a qualidade para sofrer menos impacto no período crítico que estava por vir”, enfatiza o executivo.
A parceria entre a diretoria e os colaboradores deu certo. A PZL não precisou demitir ninguém e ainda tem planos de fazer novas contratações em 2015, em plena temporada de ‘vacas magras’.
Estratégias
Confira abaixo as ferramentas de gestão que podem ser adotadas por empresários de pequenos negócios para encontrar a diferenciação e se destacar no mercado.
Inovação - Inovar não significa ‘reinventar a roda’ ou fazer altos investimentos. A inovação está associada à promoção de melhorias de processos visando a otimização de recursos e a diminuição de desperdícios ou ao lançamento de novos produtos/serviços. O investimento em tecnologia, como a automação industrial, é uma inovação à medida que diminui o custo com a mão de obra, por exemplo.
Certificação - Visa a padronização de processos. Trata-se de uma forma de inovação que reflete no crescimento da empresa. É uma chancela que comprova a qualidade dos produtos e/ou serviços e que pode abrir portas no comércio exterior.
Internacionalização - A internacionalização dos negócios é uma estratégia para prospectar novos clientes e promover o desenvolvimento sustentável dos negócios. As micro e pequenas empresas podem ingressar nesse mercado, desde que tenham produtos de qualidade e de alto valor agregado.
Capacitação - A capacitação é o principal ingrediente para alcançar o sucesso empresarial. Gestores e colaboradores precisam reciclar os conhecimentos constantemente para acompanhar as novas tendências do mercado globalizado.
Liderança - As empresas que já se desenvolveram e buscam a permanência no mercado ou avanços precisam aprimorar a liderança. O papel do líder como inspirador de pessoas é necessário para o crescimento e futuro do negócio.
Incentivo
Em uma iniciativa inédita, foi lançado no mês de agosto, em todo o País, um movimento para estimular a sociedade a consumir produtos e serviços fornecidos por micro e pequenas empresas. A ação é liderada pelo Sebrae e pretende usar a força dos pequenos negócios - mais de 10 milhões de empresas no Brasil, que faturam no máximo R$ 3,6 milhões por ano-– para fortalecer a economia. No Paraná, o Sebrae prepara uma série de atividades especiais, a maioria delas concentradas no mês de setembro, para engajar parceiros, empresários e paranaenses em torno do Movimento.
“Queremos valorizar os pequenos negócios, responsáveis pela geração de empregos e renda e que, no Paraná, têm um papel fundamental para o desenvolvimento do Estado”, destaca o diretor-superintendente do Sebrae/PR, Vitor Roberto Tioqueta. Comprar das micro e pequenas empresas, no seu entendimento, é fundamental, porque elas estão perto das casas das pessoas; são geradoras, na maioria das vezes, do primeiro emprego; o dinheiro movimentado por elas fica nos bairros; e elas desempenham, por consequência, um papel relevante no desenvolvimento das comunidades.
Tioqueta afirma que é a primeira vez que nasce um movimento com este viés no País, para que as pessoas percebam que, ao comprar dos pequenos negócios, elas estão melhorando a sua cidade, ajudando a economia. As micro e pequenas empresas são mais de 95% do total de empresas brasileiras, respondem por 27% do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil e por 52% do total de empregos com carteira assinada - mais de 17 milhões de vagas. De janeiro a junho deste ano, de acordo com informações do Sebrae Nacional, foram criados no Brasil cerca de 730 mil pequenos negócios. No Paraná, existem em média 850 mil pequenos negócios formalizados, entre microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte.
Para incentivar a participação no Movimento Compre do Pequeno Negócio, haverá campanhas na mídia, nas redes sociais e a distribuição de kits gratuitos para que as pequenas empresas sejam facilmente identificadas pelos consumidores. “A expectativa é que o dia 05 de outubro se torne uma data em que as pessoas preferencialmente comprem das micro e pequenas empresas e assim colaborem com o crescimento da economia brasileira”, ressalta Tioqueta.
Mais informações sobre o Movimento Compre do Pequeno Negócio podem ser obtidas no hotsite www.compredopequeno.com.br, que enumera as razões para
comprar das micro e pequenas empresas. Em breve, o Sebrae/PR divulgará a grade com a programação estadual.
No hotsite, os empreendedores também poderão cadastrar suas empresas para que o consumidor encontre
os produtos e serviços que precisa perto de sua casa ou trabalho.