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REFLORESTAMENTO
Plantio teve área reduzida a um terço graças à produtividade recorde que atinge 45 metros cúbicos de eucalipto por hectare plantado,com menos combustível e menos fertilizantes
Amundsen Limeira
A indústria de celulose e papel perdeu o foco exclusivamente na produção para se preocupar também com a questão ambiental. Além disso, potencializou as vantagens competitivas do setor ao direcionar o eucalipto para uso energético.
"No Brasil, as florestas do setor produzem 45 metros cúbicos de eucalipto por hectare plantado. Isso representa um terço da área utilizada há trinta anos para a obtenção do mesmo volume de eucalipto produzido", lembra Afonso Moraes de Moura, gerente técnico da Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (Abtcp), ao confirmar os avanços apresentados pelo segmento na área florestal de quinze anos para cá.
Na avaliação de Celso Foelkel, diretor de relacionamento internacional da entidade, nesse período, as empresas continuaram produzindo "com o mesmo uso de recursos naturais, menos fertilizantes e menor consumo de combustível, em uma área inferior de terra utilizada. Para o setor, isso representou ganhos entre 10% e 15%, nos últimos quinze anos", estima Foelkel.
Os avanços, segundo ele, não param por aí. Os 4,5 metros cúbicos de eucaliptos que há trinta anos eram necessários para produzir 1 tonelada de celulose estão reduzidos hoje a 3,2 metros cúbicos. "Um hectare produzia 6 toneladas de celulose, agora produz 12 toneladas e a meta é chegar a 16 toneladas em mais cinco anos", lembra ele. Simultaneamente, acrescenta, a indústria cortou o consumo de combustível fóssil de tal forma que 90% da sua matriz energética é biomassa.
Afonso Moura acredita que outra contribuição da indústria de papel e celulose é o redirecionamento das florestas para áreas degradadas e regiões identificadas por outras culturas. O Mato Grosso do Sul, por exemplo, até recentemente conhecido pela pecuária, é hoje palco de importantes projetos como o da Fibria, considerada a maior fábrica de celulose do planeta.O estado concentra parcela expressiva dos 875 mil hectares de florestas mantidas pela companhia nos estados do Espírito Santo, Bahia, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Outro exemplo apontado por Moura é a Suzano Papel e Celulose. A empresa, que em suas florestas alcança uma produtividade de 44 metros cúbicos por hectare/ ano, acima portanto da média internacional (41 metros cúbicos por hectare/ano), já tem projetos florestas no Piauí e no Maranhão, "estados sem nenhuma tradição florestal".
"Essa é uma tendência que atende o esforço do Brasil de evitar o consumo de terras férteis por setores que não sejam o de produção de alimentos e o uso de florestas nativas", consta o gerente técnico da Abtcp.
Já a componente ambiental está incorporado na solução encontrada para a formação das florestas do setor. É o chamado plantio em mosaico, um mix de áreas plantadas entremeadas por fragmentos de florestas nativas que formam mosaicos.
O sistema, segundo José Totti, diretor florestal da Klabin, também contribuiu para a manutenção dos pinus e eucaliptos, "porque os inimigos naturais (insetos como os cupins) estão em equilíbrio com os seus próprios predadores".
Atualmente, a Klabin mantém 192 mil hectares de matas nativas preservadas em suas propriedades. Isso corresponde a 47% da área total das florestas da empresa localizadas em Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul.
Na opinião de Jefferson Mendes, diretor da Pöyry, consultoria especializada em negócios florestais, celulose e papel é o único setor "100% de acordo com a lei" florestal no país. É apontado pelo consultor como um dos principais responsáveis pela diversificação da cadeia produtiva madeireira e pela criação do mercado de madeira no país.
A indústria de produtos florestais contribui anualmente com US$ 470 bilhões do PIB dos países nos quais está presente e gera 14 milhões de empregos ao redor do mundo, informa a Bracelpa, que reúne os principais fabricantes de celulose e papel no Brasil. Por considerar a sustentabilidade o horizonte do futuro do negócio de celulose e papel, a entidade se comprometeu a estudar, junto com o governo, medidas para a criação de uma política pública capaz de estimular o plantio florestal.
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Para produzir 1 tonelada de celulose eram necessários 4,5 metros cúbicos de
eucalipto há 30 anos. Hoje o volume baixou a 3,2 m3
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