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Peças feitas com sobras de diferentes tipos de materiais fazem bonito na decoração
Karine Tavares
O tambor de óleo virou uma simpática mesa lateral; os restos de lã, linha e fita deram forma a uma cadeira; as sobras de madeira teca da indústria moveleira serviram para criar um novo revestimento de parede; e até os restos de ossos e chifres de gado bovino são aproveitados como revestimento de cômodas e mesas. Na indústria de móveis é assim: o lixo de uns pode muito bem se tornar a riqueza de outros, ao ser transformado em peças de design arrojado.
É o caso do pufe "Rosenbaum", criado pelo arquiteto Marcelo Rosenbaum e vendido no Rio pela Velha Bahia. Em formato que lembra os coloridos balões de São João (perigosos e nada ecológicos, diga-se de passagem), ele tem estrutura de alumínio e é revestido por uma espécie de corda feita com garrafas PET recicladas coloridas. O mesmo efeito de cores é visto na cadeira "Arco-íris", da designer uruguaia Natalia Cantarelli, à venda no Rio pela guinar. O encosto e o assento são tramados com restos de lã, linha e fita, o que faz com que cada peça - feita pessoalmente pela designer - seja única.
Madeira de todos estilos e origens
Já a madeira teca parece ser mesmo polivalente. Na Indonésia,
pedaços retirados de antigas embarcações estão se transformando em novos móveis, trazidos
ao Rio pela Stilo Asia. Enquanto isso, por aqui, os restos de móveis produzidos a partir desse material estão
virando revestimento de parede na Mediterrani. Em forma de pastilhas, que tanto podem ser usadas no tom natural como impermeabilizadas
e pintadas de tinta ouro, o revestimento serve para ambientes internos e externos.
- Por ser madeira, ele ajuda inclusive na acústica dos espaços e por isso é muito usado em home theaters - destaca Clair Bizzo, diretor de Marketing da Mediterrani.
Outro tipo de revestimento - neste caso, bem diferente e aplicado em mesas e cômodas - são os restos dos chifres e ossos dos calcanhares de bois abatidos por frigoríficos. Os defensores dos animais podem até não gostar, dizem profissionais do setor, mas a verdade é que o que sempre foi jogado no lixo, agora está sendo reaproveitado pela indústria moveleira.
O revestimento é manualmente trabalhado por artesãos e, depois, encaixado nos móveis formando um mosaico. Os ossos dos calcanhares possuem um acabamento off-white como o da mesa de centro Linova; já as peças feitas com chifres tem mais opções de cores, como o mel visto no tampo da mesa lateral "Cassino", além do preto e do marrom.
Na Olhar o Brasil, de chico Gouvêa, a mesa lateral vem de um material ainda mais inusitado: um latão de óleo. Cortada ao meio, a peça recebeu pintura de pátina branca e um certo ar rústico.