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Ações propostas pela Defensoria Pública do Estado já restringiram atividade em 3 municípios Argumento é que a cultura traz prejuízos ambientais; empresas dizem que há "mitos" em relação ao eucalipto
NATÁLIA CANCIAN
A Justiça de São Paulo concedeu liminares que proíbem o plantio, o corte e o transporte de eucalipto em cidades do Estado.
Pelo menos três municípios do Vale do Paraíba já tiveram decisões judiciais que restringem a atividade: Guaratinguetá, São Luiz do Paraitinga e Piquete.
Em outros dois, Redenção da Serra e Taubaté, uma ação civil pública para suspensão do plantio já foi encaminhada pela Defensoria Pública do Estado.
Para o defensor Wagner de La Torre, que entrou com as ações, o plantio de eucalipto traz prejuízos ambientais, como redução no abastecimento de água potável, contaminação do lençol freático e êxodo de animais silvestres.
"Há casos em que o plantio é feito em áreas de preservação, como topos de morro", afirma La Torre.
Nos últimos anos, as plantações da espécie cresceram em ritmo acelerado pelo país -chegaram à taxa de 720 hectares a mais por dia.
A decisão mais recente contra o setor ocorreu em Guaratinguetá.
A liminar suspende o plantio de eucalipto feito pela Fibria, uma das maiores produtoras de celulose do mundo, até que sejam feitos estudos de impacto ambiental.
Parte da base florestal da empresa, que surgiu no ano passado após a junção da Votorantim Celulose com a Aracruz, fica na região.
Agricultores e pecuaristas vizinhos à empresa dizem que as nascentes dos rios -que ficam no local e abastecem as terras do entorno- estão contaminadas devido ao excesso de herbicidas supostamente utilizados.
"Começamos a perceber a água suja, com gosto. Antes eu tomava água em qualquer ponto da fazenda. Agora não dá nem para lavar roupa", afirma o pecuarista Cláudio Velloso, 50.
Velloso também diz que o volume de água diminuiu pela metade.
OUTRO LADO
O diretor-executivo da Associação Brasileira de Produtores de Florestas
Plantadas, César Augusto dos Reis, diz que há muitos mitos em relação ao eucalipto que, segundo
ele, não se justificam.
Ele diz que todas as bases florestais passam por licenciamento e que outras culturas, como a cana, consomem muito mais água do que o eucalipto. "Até porque, se fosse isso, as nossas florestas viravam deserto."
Já a Fibria afirmou, por meio de nota, que "conduz suas operações de acordo com as melhores práticas de manejo florestal e às normas legais aplicáveis" e que "irá se manifestar junto aos órgãos competentes".
A empresa não informou se estão sendo feitos os estudos de impacto ambiental solicitados pela Justiça.
A Suzano, outra grande companhia afetada, diz que suas operações são ambientalmente corretas e que as ações na Justiça ainda estão em tramitação.
O eucalipto é usado na fabricação de papel, celulose e carvão vegetal ou ainda empregado como madeira.