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Um dos maiores fatores de queda da rentabilidade aos varejistas são as perdas que ocorrem durante as etapas operacionais. Produtos vencidos, extraviados e até furtados por colaboradores fazem com que o setor deixe de movimentar na economia um montante significativo que atualmente está na casa dos bilhões ao ano no Brasil.
Dentre os diversos setores —calçadista, vestuário, eletroeletrônicos—, o mais suscetível a problemas operacionais é o supermercadista, conforme explicou Carlos Eduardo Santos, presidente do comitê de prevenção de perdas do Instituto Brasileiro de Executivos do Varejo (Ibevar). “Com certeza o autosserviço é o mais afetado, pois opera com perecíveis, diferentemente do setor de confecção”, disse.
Ainda segundo o especialista, por manusear grande porcentagem de produtos que estragam e ter operações nas mais variadas regiões do País para atender em especial o crescimento da população economicamente ativa e os entrantes da classe C, redes como o Grupo Pão de Açúcar (GPA), o Walmart Brasil e players de menor porte, como o Sonda Supermercados — somando cerca de 262 empresas diferentes —, perderam em 2011 cerca de 1,96% de sua receita operacional. Os dados foram apurados por meio de pesquisa realizada pelo Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração (Provar/FIA) em parceria com a Nielsen e o Ibevar. Conforme o levantamento, o índice está 0,3 pontos percentuais abaixo dos vistos em 2010, e, segundo as entidades envolvidas no estudo, é fruto de um maior investimento em prevenção de perdas, sendo a tecnologia a maior auxiliadora do setor. Mesmo com a pequena redução, as principais perdas ainda apontam índices elevados, sendo elas: quebra operacional, com 33% das perdas; furto externo, 19%; erros administrativos, 16%; furto interno, com 15%, e fornecedores e outros ajustes, com 10% de responsabilidade no menor rendimento anual desses players.
Santos enfatizou que essas perdas afetam os administradores de redes supermercadistas, que por vezes perdem vendas pelo confinamento exagerado dos produtos. “Os empresários, com medo do aumento das perdas operacionais, acabam inibindo a venda pelo confinamento de produtos. Devem ser avaliadas ferramentas e tecnologias que permitam o controle sem alterar os resultados de vendas desejados”, enfatizou.
Tecnologias
A preocupação em se reduzirem esses itens é tanta que no País existe a Associação Brasileira de Automação (GSI) — braço de uma entidade sem fins lucrativos e com mais de 100 escritórios espalhados pelo mundo que tentam promover a padronização do uso dos códigos de barras —, que acaba de lançar a ferramenta DataBar (código de barras que armazena também a data de validade do alimento e outros artigos). O sistema, já utilizado em outros países, impede que um produto vencido deixe os supermercados, ajudando tanto o varejista quanto o consumidor brasileiro.
A entidade acredita que com a inserção do DataBar será possível prevenir que os produtos estraguem nos estoques, sendo que no estudo, foi identificado que produtos estragados são responsáveis por 35% da quebra operacional dentro dos pontos de venda.
“Além do maior controle, o sistema empregado tanto nas balanças como no check- out [caixa] da operação, não permitirá que os produtos saiam de dentro das lojas, além de se conseguir um maior controle das datas de validade”, explicou ao DCI, Marcelo Sá, porta-voz da entidade e responsável pelo marketing e pelas relações institucionais da GS1.
Questionado sobre o quanto custa ao empresário aderir ao Data Bar, Sá afirmou que o investimento é pequeno, uma vez que são necessários pequenos ajustes na operação atual. “O empresário terá apenas que atualizar o software que existe em suas balanças e nos caixas”, enfatizou.
Existem vários sistemas que se mostram efetivos, entre diversos adventos tecnológicos, mas o País ainda engatinha quando o assunto é prevenção de perdas, conforme explicou Carlos Eduardo Santos, do Ibevar. “Os Estados Unidos foram pioneiros na implantação de prevenção e eles possuem um modelo diferenciado e perdas menores.”