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O novo Código de Mineração em análise na Câmara dos Deputados pode ser aprovado no primeiro
semestre deste ano. A expectativa do relator, deputado Leonardo Quintão, é concluir as negociações
com o governo até março. A partir daí, ele acredita que a proposta não terá dificuldades
de ser aprovada na comissão especial e no Plenário da Câmara, conforme informações da Agência
Câmara.
O atual marco regulatório do setor mineral (Decreto-Lei 227/67) está em vigor desde 1967
e, para adequá-lo à modernização e ao crescimento da atividade, o Executivo enviou uma proposta
em junho do ano passado, que passou por várias alterações na comissão especial da Câmara.
Só os deputados apresentaram 372 emendas. Outras centenas de sugestões surgiram nas quase 40 audiências
públicas que ouviram, em todas as regiões do País, cerca de 300 palestrantes, representando empresários,
trabalhadores, mineradores e governantes. O relator acatou várias dessas sugestões. A proposta original do Executivo
chegou à Câmara com 59 artigos e o substitutivo da comissão especial já tem quase 130.
Royalties da mineração
O governo não concordou com várias dessas mudanças,
mas o maior impasse está em torno de quatro pontos, segundo Quintão. Dois deles dizem respeito à futura
Agência Nacional de Mineração, que vai regular o setor, e à Contribuição Financeira
pela Exploração Mineral (Cfem), que funciona como os royalties da mineração.
"Nós
criamos uma agência de acordo com a Lei das Agências (9.986/00), e o governo entende que isso não deve
ser feito neste primeiro momento. Este é um dos impasses que nós temos”, explica Quintão. “A
segunda dificuldade que estamos negociando é a inclusão das alíquotas da Cfem no projeto. Parte do governo
entende que isso deve ser feito por meio de decreto, e o setor mineral e os parlamentares, por unanimidade, entendem que nós
temos a obrigação de colocar na lei as alíquotas a serem pagas."
Quintão argumenta que a fixação
das alíquotas da Cfem em lei é fundamental para o planejamento financeiro das empresas minerádoras, que
pagam os royalties, e dos municípios e estados, que os recebem.
Direitos e pesquisa
Outra
divergência com o governo é quanto ao artigo que define os direitos minerários como "reais e independentes
do imóvel superficial".
"Nós colocamos que a produção mineral deve, sim, ser considerada como um direito real, facilitando
e reduzindo o custo do financiamento da produção mineral no Brasil”, acrescenta o relator. “E estamos
nessa negociação com o governo, que não conseguiu se entender e inviabilizou a votação
no Congresso."
O quarto impasse é relacionado à fase de pesquisa e prospecção mineral.
O governo quer que a pesquisa seja feita por meio de chamada pública de empresas, enquanto os deputados e o setor mineral
defendem uma fórmula que privilegie o empreendedorismo, sobretudo daqueles que descobrirem novas jazidas.
Nessa
negociação, Quintão disse que já cedeu no que foi possível: "Nós tínhamos
18 pontos de divergência. Eu já cedi para o governo em 15. Nesses outros pontos que debatemos, estamos contando
com a boa vontade do governo porque, sem isso, vamos ter uma lei que não será exequível".