Av. Horizontina, 1300 - Centro
Nova Santa Rosa/PR
85.930-000
sindicer@sindiceroestepr.com.br
(45) 3253-1283
Os produtos verdes surgem na indústria da construção civil, aliando tecnologia e cuidado com a natureza
IRACEMA SALES
A geração do concreto - marca o século XX e ganha maior dimensão a partir dos anos 1930 e vira estética nos anos 1960 -- está sendo posta em xeque. Hoje, cada vez mais a indústria da construção civil volta seu olhar para a vida do Planeta, em outras palavras: assimila o discurso de que o conceito de sustentabilidade deve ser posto em prática. E com urgência.
Não se pode negar a importância do concreto, que possibilitou a construção de grandes vãos cobertos, como aeroportos e outros equipamentos, simbolizando a abundância da sociedade moderna. Mas o eixo da história mudou e, hoje, o mundo vive sob o signo da precariedade.
Numa sociedade marcada pela produção em série e elementos descartáveis, que acabam comprometendo o meio ambiente, é necessário que sejam criadas tecnologias para aproveitar o que sobra e descobrir novos usos. A indústria da construção civil começa a aderir a práticas que unem preservação ambiental, economia e sem esquecer o aspecto social.
Demonstração de que produtos convencionais estão andando de mãos dadas com os verdes foi a 2ª ExpoConstruir, realizada em Fortaleza. Como verdadeiras ilhas, algumas marcas de produtos sustentáveis tentam escrever um novo capítulo da história da arquitetura e, consequentemente, das cidades.
Economia
Algumas alternativas às construções convencionais prometem economia de até 40% na obra. Telhas ecológicas, tijolos ecológicos estruturais, materiais para isolamento térmico e acústico fabricados com garrafas PET são exemplos de que materiais sustentáveis veem conquistando espaço tanto nos projetos de arquitetura como nas prateleiras das lojas especializadas.
A arquitetura moderna foi marcada pela sobriedade do concreto, a contemporânea vem sendo caracterizada pelo conceito de sustentabilidade. À primeira vista, ações como as realizadas pela Trisoft, empresa paulista, há mais de 50 anos no mercado, investe em produtos sustentáveis, a exemplo da lã de PET, parecem uma utopia.
No entanto, a produção é em grande escala. Leonardo Capasso, gerente de Marketing da Trisoft, fala das vantagens do produto, considerado 100% reciclado e reciclável. "Concorremos com a lã de vidro e rocha", observa, justificando: "em vez de retirar recursos da natureza, retiramos garrafas que contribuem para a sua poluição".
Diferencial
Há três anos a empresa enveredou pela linha de produção sustentável e não se arrepende. Hoje, constitui filosofia da direção, destaca, contabilizando que, até agora, foram consumidos 400 milhões de garrafas pet que poderiam estar jogadas no lixo.
A tecnologia merece ser difundida, admitindo que não existem muitas empresas que trabalham com lã de PET. "Só conseguiremos mudar o Planeta com atitudes que tomamos hoje". A indústria da construção civil e também os arquitetos recebem bem o produto. "Compramos a lã e transformamos em mantas ou placas com várias espessuras ou densidades".
A responsabilidade com a vida do Planeta é de todos, explica, considerando necessário equacionar "qualidade técnica e performance ambiental". Sem contar com o trabalho social que a empresa realiza.
"Compramos a malha feita de garrafa PET das cooperativas de catadores", revela, completando que após processamento se transforma em lã". O produto é usado em subcoberturas metálicas, forros e pisos.
Utopia
A utopia urbana acompanha a história da arquitetura e do urbanismo, surgindo a cada geração uma nova. Atualmente, existe o consenso de que o projeto deve contemplar o homem, seu espaço físico e a natureza. Aos poucos a indústria da construção civil vem respondendo ao apelo. Com esse pensamento, as telhas ecológicas produzidas pela empresa francesa Onduline tentam contribuir para a construção de mais um capítulo da história do urbanismo.
Não é aleatória a escolha de trabalhar apenas com papel que já foi utilizado. "O custo pode até ser maior, mas o produto ecológico traz um retorno para a natureza", sintetiza Ana Carolina Carpentiere, coordenadora de Marketing da Onduline no Brasil, cuja fábrica fica localizada em Juiz de Fora (MG).
A fibra de celulose obtida através da reciclagem do papel constitui a matéria-prima para a fabricação do produto. "O diferencial é a leveza da telha, sendo fácil de transportar e instalar, dispensando uma estrutura muito robusta", destaca.
Outra opção, de policarbonato, oferece proteção UV, sendo bem leve também. Além de proporcionar luminosidade, economizando energia. Um dos requisitos para completar a cadeia dos produtos ecologicamente corretos ou verdes é o respeito ao social. Assim, a Onduline realiza atividades sociais com algumas comunidades de Juiz de Fora, através do programa primeiro emprego, em um educandário que fica localizado próximo à sede da empresa.
"Os jovens fabricam os kits usados para a fixação das telhas". A aceitação é boa e a fábrica está no Brasil há seis anos, apresentando aumento de 20% a 25% por ano no mercado. "A agilidade na montagem representa menor tempo de obra o que significa economia". A vida útil da telha ecológica é de 30 anos.
Cerâmica
A revolução no campo da arquitetura ocasionada pelo concreto, pode ser considerada uma das marcas da arquitetura moderna, que permeou o século XX. Guardadas as devidas proporções, movimento semelhante está em andamento.
Desta vez, utilizando produtos naturais e seguindo a lógica do respeito à natureza. É o caso, por exemplo, dos blocos cerâmicos e dos tijolos ecológicos que podem ser utilizados como alternativa às construções convencionais.
Edvaldo Maia, assessor técnico da Associação Nacional da Indústria Cerâmica (Anicer), coordenou a execução de uma casa de 42 metros quadrados, padrão do programa "Minha Casa Minha Vida" em cinco dias. Diz que a utilização dos blocos cerâmicos pode representar economia de 30% no fim da obra. "Dispensa pilar. O bloco é a própria estrutura, cheia com concreto".
A casa sustentável propicia diminuição de material, conforto térmico e acústico, além de velocidade nos trabalhos da obra. Outra vantagem é com relação ao acabamento. O bloco cerâmico pode ser revestido com uma camada de 5mm de gesso, ficar sem pintura ou receber texturização direto sobre a parede. "Essas são algumas vantagens da alvenaria estrutural com bloco cerâmico", argumenta Edvaldo Maia.
Outra alternativa para a construção em série de casas, em especial populares, é representada pelos tijolos ecológicos e estruturais. A construção de uma casa de 50 metros quadrados, pela alvenaria convencional pode levar até 90 dias, com os tijolos ecológicos pode ser erguida em 45.
O tempo ganho representa economia no custo com a mão-de-obra, garante Marcelo Santos, diretor executivo da cerâmica Top Line, empresa que trabalha com kits de uma casa completa, seguindo a filosofia do faça você mesmo.
"Nosso tijolo não precisa ser queimado. Ele é prensado", esclarece, apontando como a primeira vantagem de usar o tijolo cerâmico ecológico modular, que dispensa a argamassa, sendo colocados um sobre o outro utilizando a cola branca.
O aspecto socioeconômico dos tijolos ecológicos é representado pela diminuição de até 40% no custo do valor da obra. "Qualquer pessoa pode fazer a sua casa", assegura, afirmando que uma pessoa que ganha um salário mínimo pode adquirir o seu próprio teto. Por esse sistema, é possível adquirir terreno e casa pagando R$ 72,00 / mês.
A laje da casa é feita por painéis construídos a partir de uma base de micro concreto. A construção dispensa os convencionais cal, areia e cimento.