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A extração de argila está entre as atividades mais importantes do setor, tanto pelo aspecto econômico
quanto pelo ambiental. O geólogo da Mineropar (Minerais do Paraná) Luciano Loyola ressalta a importância
do procedimento correto neste processo e aponta condutas erradas que afetam a imagem do segmento e fomentam a concorrência
desleal. Um dos principais pontos levantados pelo geólogo é a prática que está sendo difundida
de fazer estoques de argila que representam apenas as características que as argilas tinham em seu local de origem.
Empresas estão simplesmente transportando da jazida para seu estoque. "E cada monte tem uma característica que
foi analisada de forma aleatória, sem embasamento técnico adequado", afirma Loyola. Segundo ele, a prática
da mistura controlada da futura massa cerâmica já provou ser mais eficiente. É preciso analisar as características técnicas daquela região específica. Para isso,
recomenda-se uma boa prospecção da área e ensaios em laboratórios competentes. Na região
Oeste do Paraná, os laboratórios das cerâmicas começaram a utilizar a técnica de análise
do resíduo. As argilas daquela região são de origem de transformação de rochas pré-existentes,
as pedras ferro ou basalto. Estas rochas, por características geológicas, não têm grandes cristais,
são rochas afaníticas (sem cristais visíveis). As argilas originárias delas não têm
resíduos. "O pessoal fica desesperado tentando encontrar 17% de resíduo, o que é quase impossível", comenta
Loyola. Por isso, é bom enfatizar, principalmente para os prestadores de serviço, que procurem trocar informações
com profissionais que realmente conheçam a geologia local. Em um caso desses, outros parâmetros de ensaio deveriam
ser levados em consideração. "Depois de entendido como funcionam as argilas daquela região, fica muito
mais fácil tomar as atitudes corretas em novas áreas. Posso garantir que, quando este tipo de conhecimento estiver
difundido, poderá se atacar outras áreas desta indústria, que é o fornecimento de equipamentos",
afirma. Erros - Em muitas ocasiões, os proprietários dos terrenos onde foram realizadas as lavras são
surpreendidos pelo estrago quase irreparável por conta da extração mal conduzida. Cerâmicas retiram
o material na velocidade de seu consumo, o que ocasiona uma série de transtornos ao proprietário, principalmente
a poeira levantada, o ruído e a demora para a devolução da terra. Para as cerâmicas, existe o problema da falta de entendimento técnico adequado de como executar uma lavra.
Os encarregados buscam retirar a argila que eles consideram a de melhor qualidade, resultando em um terreno repleto de buracos
isolados, lembrando uma paisagem lunar. "O ceramista raramente faz a correta avaliação do custo da extração
de argila, ignora diversos custos e, ao final, deixa de aproveitar algumas argilas porque as considerou de pior qualidade",
afirma o geólogo. Para Loyola, os encarregados geralmente são valorizados porque sabem conduzir bem um trator
ou uma retroescavadeira, mas não são profissionais treinados para fazer uma boa lavra. É muito comum
ver áreas próximas às drenagens, que são "cavocadas" em busca daquela considerada melhor argila,
sobrando vários buracos com água empoçada. Para Loyola, um dos maiores problemas é que os grandes ceramistas, caso atuem também de maneira ilegal, estarão
se equiparando àqueles ceramistas que utilizam a ilegalidade como arma para baixar os preços de seus produtos. Dicas práticas - - Não existe uma metodologia padrão na extração de argila que pode ser aplicada em todas as
regiões. Há particularidades mesmo em locais muito próximos. Cada área é diferente da outra,
por isso é preciso estudar suas características. - Se esta área estiver em região de várzea, deve-se começar a lavra da parte mais baixa para
cima, evitando que a água fique empoçada. Caso esta água e a água de chuva transporte sedimentos
em suspensão, é necessário posicionar os tanques de sedimentação antes dos rios. - Não se deve deixar a recuperação ambiental para o final, porque aumenta as chances de desistência
deste processo pelo custo acumulado. "É imprescindível que todo o processo se inicie junto com a extração",
alerta o geólogo. - Os planos devem ser muito bem elaborados. Deve-se evitar contratar profissionais "baratos". "A experiência diz
que os bons profissionais da área da geologia, apesar de terem preços de serviço mais caros, representam
uma grande economia ao final do processo", afirma Loyola. - Não se deve usar receitas utilizadas em outras regiões do País sem antes ter certeza que as características
das argilas sejam pelo menos semelhantes. "Com as informações corretas em mãos, é possível
traçar a estratégia correta de lavra e melhor aproveitamento daquela área", avalia o profissional da
Mineropar.