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As indústrias estão mudando a forma de perceber a destinação de recursos para a gestão da segurança e qualidade de vida do trabalhador. Ao invés de serem encarados como custo, os recursos destinados a essa área passaram a ser considerados parte de uma estratégia de negócios que tem como objetivo a redução de perdas e aumento da produtividade.
Engenheiro de Segurança do Trabalho e advogado do Sesi no Paraná, Rodrigo Meister de Almeida explica que a má gestão nesses setores está relacionada a altos custos industriais. “São custos como ausências e indenizações por afastamentos por doença, reiteradas faltas do trabalhador devido às más condições de trabalho, dificuldades no recrutamento de trabalhadores, gastos com novos treinamentos e recolocação do trabalhador e possíveis problemas com a qualidade dos produtos”, relacionou.
Almeida também comenta que o esforço em aprimorar a segurança do trabalho ajuda os gestores a organizar o fluxo de trabalho e perceber gargalos na área produtiva ou administrativa. “Vale a pena fazer investimento neste setor. Investimento este que em um primeiro momento está direcionado mais à organização do trabalho, portanto será mais em tempo do que em aporte financeiro. É preciso procurar parceiros importantes, como o Sesi e a Fiep, ter boas assessorias para segurança e medicina do trabalho e aplicar recursos em treinamento. É uma mudança cultural que exige esforço, deixando velhas práticas de trabalho, orientando lideranças para as novas práticas, mas que traz um resultado importante, inclusive financeiro”, afirmou.
Não é só na redução de custos que as empresas saem ganhando. Com funcionários mais produtivos e com maior qualidade de vida, além de mais bem treinados, o produto final também ganha qualidade e a indústria se torna mais competitiva. “As empresas têm custos de matéria-prima, insumos e operação muito parecidos umas com as outras. O diferencial fica realmente nesta gestão de pessoas. Essa diferença pode ser extremamente significativa para o ganho de mercado”, analisou Almeida.
Gestão participativa
Para realizar essa mudança cultural, o engenheiro de Segurança do Trabalho acredita que é essencial a participação dos trabalhadores. “É necessário que as pessoas entendam o porquê das mudanças e contar com a participação e sugestão deles. Em geral, os trabalhadores têm boas soluções, que podem ser colocadas em prática. Quando eles compreendem o porquê da mudança e entende que ela é em seu benefício direto e não uma ordem, as ações são implantadas com maior facilidade”, explicou.
André Luiz Dias de Araújo, advogado trabalhista, gestor de recursos humanos e consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI), concorda que é preciso aprimorar a gestão de pessoas, prevenindo conflitos e melhorando o ambiente corporativo. Para ele, a indústria deve investir em comunicação interna, para que os empregados percebam que todos os assuntos - principalmente normas, direitos e deveres - são tratados de maneira transparente.
“Um empregado que se sinta valorizado, que consiga conciliar o profissional com o pessoal e que tenha reconhecimento do empregador, dificilmente ingressará com uma ação trabalhista quando sair da indústria. Portanto, o investimento em qualidade de vida do empregado contribui decisivamente na diminuição do passivo trabalhista das indústrias”, comentou.