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Apesar da alta na arrecadação, que somou R$ 940 milhões até agosto, governo deve elevar
tributação no setor Em todo o ano passado, recursos somaram R$ 1 bilhão; aumento da exportação e de preços
explica a maior receita Mineradoras com atuação no país pagaram, até agosto deste ano, R$ 940 milhões em Cfem
(Contribuição Financeira pela Exploração Mineral), o royalty da mineração. O volume é 61% maior do que o registrado entre janeiro e agosto de 2010, quando a arrecadação somou
R$ 585 milhões, segundo dados do DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral). Em relação
ao mesmo período de 2009, a alta é de 88%. O aumento das exportações, principalmente do minério de ferro, responsável por mais de 50%
do valor da produção mineral, e a alta dos preços das commodities explicam o crescimento. Nos oito primeiros meses deste ano a receita obtida com as exportações de minério de ferro subiram
67%, somando US$ 26,6 bilhões, de acordo com a Secex (Secretaria de Comércio Exterior). Segundo Luciano Ribeiro da Silva, da Diretoria de Procedimentos de Arrecadação do DNPM, o "empenho redobrado"
do órgão na fiscalização, com auditorias periódicas a empresas do setor e cruzamento de
dados, e a recuperação de créditos de inadimplentes também contribuíram para a maior cifra. EM BUSCA DE MAIS Como em todo o ano passado foi recolhido R$ 1 bilhão com a Cfem, os números de janeiro a agosto deste ano
indicam novo recorde de arrecadação no setor de mineração, exatamente no momento em que se discute
aumentar os royalties do setor. A proposta, que deve ser encaminhada ao Congresso neste mês, conforme indicou o ministro Edison Lobão (Minas
e Energia), pode dobrar a alíquota da Cfem em alguns casos, como o do minério de ferro. Hoje, a Cfem varia de
0,2% a 3%, dependendo do minério, e esse tratamento diferenciado por produto deve continuar -em alguns casos, pode
cair. Também deverá ser alterada a base de cálculo da compensação. Hoje incidente sobre o
faturamento líquido das mineradoras, a Cfem deverá passar a incidir sobre o faturamento bruto, aumentando a
base para a arrecadação. O governo federal argumenta que o royalty da mineração no Brasil é um dos menores do mundo, entre
os principais produtores. Procurado, o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) não quis comentar o tema. Mas a posição das empresas, expressada em declarações passadas, é a de que é
preciso avaliar a carga tributária como um todo, pois no país há outros tributos que oneram a produção,
como IR, PIS, Cofins e ICMS. CARGA TRIBUTÁRIA Estudo da consultoria Ernst & Young, realizado a pedido do Ibram, mostrou o Brasil entre as três maiores cargas
tributárias do mundo em 12 minerais estratégicos. No caso do minério de ferro, em 2008 a carga era de 20%, atrás apenas da Venezuela (26%) e China (25%). "E não é só para a carga tributária que se deve olhar, mas sim para o custo de fazer o negócio.
É preciso considerar a falta de infraestrutura, que é muito importante nesse setor", diz Carlos Vilhena, sócio
do Pinheiro Neto para a área de mineração.
TATIANA FREITAS