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BNDES destina R$ 19,5 bi ao setor em quatro anos

01 de junho de 2011

Tom Cardoso

Favorecido pelo aumento de desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para programas de infraestrutura, o setor siderúrgico recebeu do banco estatal, de 2007 a 2010, cerca de R$ 19,5 bilhões para financiar obras importantes, que devem dar novo fôlego ao setor. Atualmente, estão a todo vapor quatro grandes projetos, considerados fundamentais para diminuir antigos gargalos e melhorar o nível de competitividade da siderurgia brasileira - todos contaram com aportes financeiros do BNDES.

São eles: o novo laminador de tiras a quente da Usiminas, em Cubatão (SP); a usina de Santa Cruz (RJ) da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA); a expansão da usina de aços longos de João Monlevade (MG) da ArcelorMittal Brasil; e a usina da Va l l o u r e c e Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), que vai produzir aço em forma de barras para laminação e tubos de aço sem costura na usina de Jeceaba (MG).

Para José Guilherme da Rocha Cardoso, chefe de departamento de insumos básicos do BNDES, ainda é impossível mensurar quais serão os ganhos de competitividade do setor, mas ele acredita que os projetos financiados pelo banco irão estabelecer uma nova ordem na siderurgia brasileira. "Va m o s melhorar em todos os aspectos.

Aumentar a produção de alumínio que ainda está muito aquém do nosso potencial (o Brasil, apesar de possuir grandes reservas, ainda não é um player significativo do produto); superar antigos gargalos em laminação; melhorar a linha de produção de tubos de aços sem costura, enfim, dar um novo dinamismo ao setor", afirma Rocha Cardoso.

A Usiminas obteve do BNDES financiamento de R$ 493 milhões para a construção do novo laminador de tiras a quente da usina José Bonifácio de Andrada e Silva, em Cubatão. "O investimento permitirá à usina produzir itens mais nobres e com maior flexibilidade de dimensões", afirma Ronald Seckelman, vice-presidente de finanças da Usiminas. "O laminador de tiras a frio II e as linhas de galvanização por imersão a quente da Usina de Ipatinga, em Minas, são outros exemplos de investimentos para agregação de valor aos nossos produtos que contaram com o suporte dos financiamentos do BNDES", completa Seckelman.

A CSA, parceria entre a alemã ThyssenKrupp e a Vale, recebeu empréstimo de R$ 2 bilhões para investimentos em sua planta localizada em Santa Cruz. "O financiamento foi essencial para manutenção dos planos da empresa, frente ao contexto da crise econômica mundial de 2009", afirma Rodrigo Tostes, vice-presidente financeiro da Thysenkrupp CSA. Segundo Tostes, a captação irá permitir à Thyssenkrupp CSA reforçar ainda mais seu compromisso de investimentos no Estado, ampliando a parceria com fornecedores locais e nacionais por meio de projetos complementares, já que a planta de Santa Cruz é um complexo siderúrgico totalmente integrado.

"Desta forma, a empresa pode construir um porto exclusivo, além da coqueria e uma usina termelétrica, com capacidade de produção de 490 MW de energia, o equivalente a 10% do consumo do Estado do Rio de Janeiro.

Considerado hoje o maior investimento da ArcelorMittal no Brasil, o projeto de expansão da capacidade de produção da unidade de João Monlevade, produtora de aços longos, conta com financiamento de R$ 1,6 bilhão do BNDES. "O investimento cobre 80% dos equipamentos nacionais requeridos para a expansão e 60% dos serviços", afirma Marcos Afonso Maia, vice-presidente de finanças da ArcelorMittal Brasil.

A gigante do setor siderúrgico espera até o segundo semestre de 2012 dobrar sua capacidade de produção, de 1,2 para 2,4 milhões tolenadasano de aço. Se chegar lá, vai repetir o feito alcançado na área de aços planos - no Brasil, a empresa conseguiu elevar a capacidade de produção de laminação a quente para 4 milhões de toneladas e de 1,4 milhão de laminação a frio.

A dívida com o BNDES não preocupa.

Segundo Afonso Maia, o prazo de carência para início de pagamento do empréstimo do BNDES - dois anos e meio (o contrato foi assinado, mas os desembolsos não foram iniciados ainda) irá permitir que a empresa inicie o pagamento quando a duplicação já estiver concluída. "É uma forma de usar a receita da nova produção para quita a dívida", afirma.

Produção anual de 1 milhão de toneladas de aço em forma de barras e para laminação e 600 mil toneladas de tubos de aço sem costura. É o objetivo da Vallourec e Sumitomo Tubos do Brasil (VSB), que recebeu aporte de R$ 449 milhões para turbinar a produção de sua siderúrgica em Jeceaba, na Região do Campo de Vertentes (MG). A usina espera atender ao crescimento constante de demanda por produtos tubulares de alta qualidade, que deve aumentar ainda mais com a expansão da indústria de petróleo e gás. Procurada, a VSB não quis se pronunciar sobre a usina de Jeceaba nem sobre os desembolsos feitos pelo BNDES.

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