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Presidente diz que Brasil tem de fabricar peças para navios e plataformas. Petrobras anuncia encomenda de 21 sondas no país
Ramona Ordoñez
ANGRA DOS REIS. A presidente Dilma Rousseff anunciou ontem que o governo federal vai incentivar o desenvolvimento no país da indústria de navipeças, ou seja, de peças e equipamentos para o setor naval. A promessa foi feita na solenidade de batismo da plataforma da Petrobras P-56, no Estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis. A P-56 foi totalmente construída no país e tem um índice de conteúdo local de 73%, o maior já atingido por uma plataforma no Brasil.
- Eu assumo o compromisso de sempre querer melhorar o conteúdo nacional. Agora temos de estabelecer no Brasil uma indústria de navipeças, assim como tem a indústria de autopeças para automóveis. Queremos que no Brasil se produzam todas as peças dessa plataforma - afirmou Dilma.
Federação de petroleiros critica Eike Batista
Por sua vez, o presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli, presente à solenidade, anunciou que a companhia vai encomendar no país
a construção de mais 21 sondas de perfuração para os campos do pré-sal. Outras sete foram
contratadas no ano passado, junto ao Estaleiro Atlântico Sul, em Pernambuco. A licitação das novas 21
outras sondas tinha sido suspensa pela estatal há alguns meses, devido aos preços elevados cobrados pelas empresas.
Temia-se que as encomendas fossem feitas no exterior.
- Vamos produzir no Brasil as 28 sondas. Algumas delas com certeza serão feitas aqui (no Rio) - garantiu Gabrielli.
Ele prometeu que a companhia vai promover o desenvolvimento da indústria naval brasileira, bem como a criação de novos estaleiros no país, com sua política de encomendas à indústria nacional.
- Há um compromisso claro da diretoria da Petrobras de que essas 28 sondas serão feitas no Brasil. E nós já estamos na rua com a licitação para essas 21 - disse Gabrielli.
- Nós provamos que é possível construir plataformas e sondas no Brasil, assim como equipamentos para a exploração do pré-sal - afirmou Dilma.
O coordenador da Federação Única dos Petroleiros (FUP), João Antônio de Moraes, criticou o empresário Eike Batista por estar construindo no exterior plataformas para seus campos na Bacia de Campos.
No fim da tarde, a EBX informou em nota que está investindo US,5 bilhões no Brasil em 2011 e 2012, nos setores de petróleo, logística, energia, mineração e petróleo.
Durante o evento - o primeiro encontro direto com trabalhadores desde sua posse - a presidente Dilma Rousseff evitou demonstrar qualquer preocupação devido à crise política provocada pelas denúncias envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Dilma procurou mostrar-se alegre e simpática, apesar dos poucos sorrisos e de não ter arrancado tantos aplausos como costumava ocorrer com o ex-presidente Lula, citado várias vezes por ela e pelas demais autoridades presentes.
Na visita à plataforma, Dilma falou com vários operários e operárias e pediu ao presidente e aos diretores da Petrobras para assinarem nas costas de seu macacão. Ao descer, deu alguns autógrafos e também deixou alguns trabalhadores assinarem sua roupa. Mas não concedeu entrevista aos jornalistas.
P-56 tem capacidade para produzir cem mil barris
Além do governador do Rio, Sérgio Cabral,
participaram do evento os ministros de Minas e Energia, Edison Lobão; da Pesca e Aquicultura, Ideli Salvatti; e do
Planejamento, Miriam Belchior, e outras autoridades do Rio e políticos. A deputada Luiza Erundina (PSB) foi a madrinha
da P-56.
A fim de mostrar descontração, a presidente brincou com relação ao Estado do Rio:
- O Lobão disse que aqui nós estamos numa terra abençoada por Deus. Agora eu acrescento, e bonita por natureza.
A P-56, que custou US,5 bilhão, tem capacidade para produzir cem mil barris por dia de petróleo e seis milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. A plataforma será instalada no campo de Marlim Sul, na Bacia de Campos. A Petrobras prevê iniciar a produção em agosto próximo e atingir sua capacidade máxima no primeiro trimestre de 2012.
A presidente citou ainda o programa Brasil sem Miséria, lançado pelo governo na quinta-feira. Segundo Dilma, mais 16 milhões de brasileiros serão retirados da extrema pobreza. Ela disse ainda que este mês será lançada a segunda fase do programa Minha Casa, Minha Vida, para construção de mais dois milhões de residências.