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O presidente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), Benjamin Steinbruch, disse hoje que adotar a ideia do governo
federal de taxar a exportação de minério de ferro e desonerar o aço seria um erro. "A minha opinião
é de que nós temos sempre que tomar muito cuidado", afirmou, após participar de almoço na capital
paulista com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. "Não deu certo na Austrália. Acho que temos de ser conservadores."
Steinbruch
afirmou que a maior parte das exportações brasileiras é composta por matérias-primas como combustíveis,
minério de ferro e grãos. "Acho que nós devemos ter cuidado porque é uma coisa que está
dando certo e eu tenho a impressão de que não vale a pena correr riscos desnecessários. Um pouquinho
de conservadorismo nesse caso é válido."
O presidente da CSN disse que a demanda mundial por minério
de ferro continua aquecida. "A demanda continua crescente. Os preços foram reajustados em 20% para este segundo trimestre
e a demanda da China continua muito forte. Eu creio que é uma tendência para este ano", afirmou. Na avaliação
dele, os desastres ocorridos no Japão, um dos grandes produtores mundiais de aço, não devem afetar o
Brasil. "Eu acho que não tem nenhuma significação concreta para nós. Temos pesar pelo que ocorreu
no Japão, mas do ponto de vista prático para nós aqui as implicações são zero."
Steinbruch,
que também é vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), afirmou que levou a Mantega as preocupações do setor com juros, "desnecessariamente altos", impostos,
"cuja carga é muito grande", e câmbio. "Nós estamos vivendo um período de perigo de inflação
e devemos combatê-la. Todo mundo converge nessa opinião. Não devemos correr o risco de voltar à
inflação. Isso está sendo acompanhado e acho que, com o tempo, a ideia desse governo é baixar
os juros, pelo menos eu sinto", disse. "É claro que a inflação é a prioridade agora, mas sempre
na cabeça está a questão da redução dos juros."
Na avaliação dele,
com o conjunto das medidas macroprudenciais que o Banco Central tem adotado, a queda dos juros será uma realidade no
futuro. "Acho que vai acontecer, acho que o governo está atento. É uma questão de tempo, de um pouquinho
mais de paciência", afirmou.
Por Anne Warth e Francisco Carlos de Assis