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Com o objetivo de aproximar a pesquisa acadêmica e a produção industrial, os Observatórios Sesi, Senai e IEL realizaram, no último dia 10 de outubro, a II Rodada de Negócios Tecnológica - Universidade x Empresa voltada ao setor de alimentos.
Nesta edição, 30 empresas tiveram a oportunidade de conhecer o trabalho de cem instituições de pesquisa e verificar os trabalhos que podem ser aplicados em seus processos de produção. Por meio desta rodada, foram realizados 380 encontros de 30 minutos cada um. O objetivo é levar os benefícios da pesquisa acadêmica para a comunidade por meio das empresas.
Mesmo para grandes empresas, que já contam com um programa de inovação bem estruturado, a iniciativa desperta interesse. É o caso da Brasil Foods, maior exportadora mundial de carne de frango, que participou da rodada de negócios com duas representantes. Para a gerente de inovação e conhecimento da empresa, Adriana Regina Martin, o formato do evento possibilita uma boa oportunidade para a companhia mapear o cenário acadêmico e identificar possíveis parcerias. "O formato é excelente, sendo possível avaliar previamente as linhas de pesquisa dos participantes acessando a plataforma lattes e, assim, direcionar o contato", observa ela.
Já o responsável pela pesquisa e desenvolvimento da empresa Samex - Comércio e Indústria Veterinária, Ricardo Hayashi, avaliou positivamente o evento. "Temos a necessidade de encontrar pesquisadores", afirma. Segundo ele, para melhor aproveitar esta oportunidade, é importante que as empresas venham com a "cabeça aberta". "A gente vem com um foco, mas sai com outro", avalia, referindo-se à pluralidade de pesquisas, que acaba por expandir os horizontes das empresas participantes.
Esta é a segunda vez que a Samex participa desta modalidade de rodada de negócios. Na edição de 2010, ela fez contato com uma empresa de biotecnologia que se tornou parceira no desenvolvimento de uma enzima. A parceria foi contemplada pelo Edital Senai de Inovação e agora tem dois anos para desenvolver o produto. Sobre a edição deste ano, Hayashi destacou duas boas oportunidades de futuras parcerias, uma na área de encapsulamento de produtos e outra na área de controle microbiológico em produção animal.
Uma vez identificado o interesse mútuo em realizar uma parceria, entra em ação o Centro Internacional de Inovação (C2i), que fornece o apoio na gestão da inovação do processo empresarial e na captação de recursos para viabilização o produto e para sua inserção no mercado.
Do outro lado da mesa de negociação, a opinião dos pesquisadores das universidades e centros de pesquisa também é positiva. Para Luciene Teixeira, da Embrapa Cerrado, localizada em Planaltina, no Distrito Federal, a rodada de negócios é "uma oportunidade ímpar de ter um feedback do setor industrial". Na ocasião, ela apresentou aos empresários 20 produtos em fase de desenvolvimento tecnológico que utilizam a passiflora (gênero botânico do maracujá).
Segundo Teixeira, o objetivo da instituição de pesquisa nesta rodada é angariar parcerias para conduzir o desenvolvimento tecnológico dos produtos. "Queremos levar os produtos do laboratório para o mercado", afirma.
Outra vantagem desta aproximação é a possibilidade de difundir o conhecimento adquirido em grandes centros de pesquisas para empresas locais. É o que observa a professora e pesquisadora da Universidade Estadual de Londrina (UEL) Lúcia Helena Miglioranza. Segundo ela, muitos pesquisadores, durante o processo de formação, são enviados a importantes centros de pesquisa internacionais, onde têm contato com tecnologias de ponta. Na opinião da professora, este pesquisador pode ser um vetor de transformação, levando o conhecimento adquirido às empresas da sua região. "Normalmente, o pesquisador fica sozinho, não há uma sintonia muito grande entre a pesquisa e o mercado, esse contato poderia ser maior.", avalia.