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GARGALOS AO CRESCIMENTO
Engenheiros, mestres de obras e carpinteiros de Portugal,Espanha e Angola podem chegar
AMUNDSEN LIMEIRA
Pressionada pela escassez de mão de obra que enfrenta atualmente, a construção civil se mobiliza e começa a importar engenheiros, mestres de obras e até mesmo carpinteiros de países como Portugal, Espanha e Angola.
"É um movimento ainda muito incipiente, mas já está mobilizando as empresas", explica Carlos Borges, vicepresidente de tecnologia e qualidade do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo (Secovi-SP).
"Algumas estão fazendo entrevistas e contratando pessoal mais qualificado, como engenheiros de Portugal", confirma Flavio Amary, vice-presidente do interior do Secovi e representante da entidade na Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (Cinlop), organismo internacional formado por Brasil, Angola, Portugal, Moçambique e Cabo Verde.
Amary lembra que o órgão esteve reunido há dez dias, em São Paulo, justamente para discutir os aspectos legais da contratação de mão de obra estrangeira pelo setor. "Omercado brasileiro tem interesse, mas há aspectos legais a considerar, como a concessão de vistos pelo Ministério do Trabalho e a licença do Crea", acrescenta Flavio Amary. O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia é responsável pela fiscalização de atividades profissionais nas áreas da Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia, além das atividades dos Tecnólogos e das várias modalidades de Técnicos Industriais de nível médio.
Mas a importação é apenas uma das consequências da falta de trabalhadores no mercado habitacional. Para compensar a queda na qualidade da mão de obra disponível, há pessoal sem treinamento adequado e engenheiros muito jovens sendo promovidos no segmento.
Carlos Borges, afirma que as incorporadoras e construtoras precisaram ampliar o período de entrega das obras. "O prazo de um prédio de vinte andares, que era de 18 meses, passou para 24 meses, em média", afirma ele, para quem outra tentativa de fazer frente à escassez de pessoal qualificado é a introdução de programas de treinamento aplicados diretamente no próprio canteiro de obras.
O crescimento da economia, em geral, e do mercado da construção habitacional, no particular, seriam as principais razões da falta de mão de obra no setor. Nos últimos cinco anos, compara Borges, os salários na construção civil cresceram cerca de 35%. "O salário de um engenheiro experiente praticamente dobrou de valor de dois anos para cá", calcula.
"A médio prazo, acredito que ainda teremos que conviver com essa situação de escassez de mão de obra", prevê. Até lá, o setor continuará investindo em soluções que envolvam menos mão de obra, como as paredes de concreto com a utilização de formas metálicas utilizadas na construção de casas populares, ou de equipamentos que fazem a pintura das paredes externas dos edifícios.
Segundo o Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP), o nível de emprego na construção civil brasileira cresceu 1,34% em abril deste ano quando comparado ao mês anterior, com a contratação de mais 39 mil trabalhadores com carteira assinada.
A pesquisa mensal da entidade, feita com a Fundação Getulio Vargas (FGV), mostrou que, em 12 meses, foram 250,8 mil novas contratações, um crescimento de 9,28%, no período.
Com as novas contratações, a construção brasileira empregava 2,95 milhões de trabalhadores com carteira no final de abril. Destes, cerca de 1,5 milhão na região Sudeste; 620 mil no Nordeste; 413 mil no Sul; 226 mil no Centro-Oeste e 174 mil na região Norte, com maior índice de crescimento, em abril, nas regiões Sul (1,40%) e Sudeste (1,24%).
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"É um movimento ainda muito incipiente, mas já está mobilizando as empresas"
Carlos Borges,
Vice-presidente de tecnologia e qualidade do Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo
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