SINCABIMA

Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas, Massas Alimentícias e Biscoitos, de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Paraná

Envie para seus amigos

Verifique os campos abaixo!






Comunicar Erro

Verifique os campos abaixo!




Aumento de custos deixa indústrias em alerta

Custos subiram mais de 8% em 2015 em relação ao ano anterior e indústrias tiveram dificuldades para repassar ao mercado esses aumentos

clique para ampliarAumento médio de 38,9% no custo com energia gerou forte impacto negativo no setor industrial. (Foto: USP Imagens)

O aumento dos custos industriais vem trazendo diversas dificuldades para a indústria brasileira. Este cenário está pressionando as margens de lucro das empresas, impossibilitando investimentos, empurrando para baixo as estimativas de crescimento e encolhendo a maioria das indústrias.

De acordo com o Indicador de Custos Industriais da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), os custos para as indústrias brasileiras cresceram 8,1% em 2015 em relação ao ano anterior. O índice é o segundo maior registrado desde o início da série histórica do dado, em 2006, ficando apenas um pouco abaixo do observado em 2008. 

Segundo os dados nacionais, o índice foi influenciado por aumentos em praticamente todos os principais fatores considerados pela CNI. O maior deles foi o aumento de custo com energia (38,9%), seguido pelo custo com capital de giro (16,3%) e aumento de custo com a produção (10,6%). Pesaram também no bolso dos industriais os aumentos de 9,6% com custo com pessoal e 9,5% com custo com bens intermediários - aqueles bens ou componentes adquiridos para serem utilizados no processo produtivo para a fabricação do produto final.  No cenário nacional, o único índice que apresentou resultado negativo foi o de custo tributário (-2,2%). 

Só o aumento de custo em si já seria um fator preocupante. No entanto, soma-se a isso uma demanda cada vez menor em função da perda de poder de compra e alto índice de endividamento da população, desvalorização do Real frente ao dólar e dificuldade de acesso ao crédito. A redução do volume produzido provoca, também, aumento de custos unitários, a chamada deseconomias de escala. São fatos que estão presentes desde 2015 e vem se agravando neste início de 2016.

Outro fator que torna a situação ainda mais complicada é a impossibilidade de a indústria repassar totalmente o aumento de preços ao mercado. De acordo com o relatório da CNI, os preços dos produtos manufaturados cresceram cerca de 7% em 2015, quase 1 ponto percentual, ou 12,5%, a menos do que os custos, em um cenário em que as margens de lucro já vinham bastante pressionadas. 

Paraná 

Se para a indústria nacional a situação está complicada, conforme mostram esses índices, para os industriais paranaenses o caso é ainda mais grave, na avaliação do Departamento Econômico da Fiep. Estudos mostram que aumentos, como o de energia elétrica, foram ainda mais severos no estado: apenas entre julho de 2014 e julho de 2015 tivemos um aumento no custo de energia de 140%, por exemplo”. 

Os custos tributários, que se mostraram como o único índice que teve retração no cenário nacional, também cresceram em âmbito regional. Houve acréscimo na cobrança de ICMS para diversos insumos, principalmente para as indústrias enquadradas no Simples Nacional e instituição do ICMS-ST para vários produtos, que aumenta a incidência tributária na indústria, portanto, no Paraná o índice relacionado aos custos tributários foi positivo. 

Outro aspecto que atingiu a indústria foi a valorização do dólar. Nós últimos anos, com o Real valorizado, foi mais barato realizar compras de insumos e componentes do exterior para a fabricação de produtos. Com isso, fabricantes nacionais deixaram de operar ou migraram para outras atividades. Agora, com a desvalorização da moeda brasileira, nem sempre há fornecedor nacional disponível para essas aquisições. A alternativa é comprar em dólar, mas com um aumento significativo dos custos.  

Fator igualmente importante é o aumento do custo com pessoal. Nós últimos anos, os salários tiveram reajustes significativos e agora, diante do baixo volume de produção, a massa salarial pesa para os industriais. Mesmo com demissões, a manutenção do quadro mínimo de profissionais acaba impactando fortemente os custos. “Apesar de uma redução no volume de empregos de 4,89%, ainda assim, houve, em 2015, aumento nos custos de pessoal na indústria paranaense em 3,47%, em um momento em que as empresas não conseguem repassar estes custos. Somadas a outras despesas, esse aumento é muito significativo”, esclarece o economista Roberto Zurcher. 

Futuro 

De acordo com ele, é bastante difícil prever os próximos passos para a economia paranaense e brasileira. Os indicadores demonstram que os custos continuam a subir e há pouca evolução quanto à oferta de crédito ou medidas para impulsionar o crescimento de forma mais imediata.  

E, explica Zurcher, ainda que estas medidas ocorram há certa demora para que seus efeitos sejam sentidos na economia. “De momento o cenário é preocupante, com uma inflação em elevação e aumento de preços administrados que estão contaminando os preços de mercado”, salienta.

As iniciativas para contornar as dificuldades continuam sendo as de uma análise dos custos das empresas, visando a otimização dos recursos, a diversificação de mercados dentro do possível, atenção à precificação e busca por tornar a estrutura e a gestão mais eficazes, principalmente com atitudes que não envolvam grandes investimentos.

“A recuperação que a economia deverá enfrentar, quando houver medidas que propiciem esse retorno, deverá ser lenta. Hoje, a indústria está operando em um nível 15% abaixo do registrado em 2013. Com uma taxa média histórica de crescimento de 3,9% ao ano, para retornar ao patamar de 2013, precisar-se-á de quatro anos. Neste cenário, planejar e controlar custos, buscando alternativas de novos produtos e mercados, é mais do que necessário”, enfatiza.

Sincabima oferece curso de Análise de Perigos e Pontos Críticos de ControleCadastro das Indústrias se torna ferramenta estratégica