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Os desafios da melhora da produtividade permeiam as discussões no setor industrial e, na indústria de alimentos, isto não é diferente. Cada vez mais se investe na contratação de pessoal para aumentar a produtividade, uma alternativa que nem sempre é a que mais compensa para a indústria. Recente estudo realizado pela Fiep mostra que, no caso da indústria alimentícia paranaense, nos últimos cinco anos, a produtividade do capital se elevou em 0,76%, enquanto a do trabalho caiu 7,89%, provocando uma queda da produtividade total dos fatores em 0,87%. Ou seja, nos últimos anos tem sido adotada a política de contratar mais pessoas para produzir mais.
“Esta decisão de optar por pessoas no lugar de máquinas para atender a demanda se deve a pouca e nebulosa perspectiva que o setor produtivo tem tido no ambiente econômico. Desta forma, investir em máquinas, cujo retorno se dá em um prazo maior de tempo, foi deixado de lado”, explica o economista da Fiep, Roberto Antonio Zurcher.
O resultado é crítico: em 2007, o faturamento médio por trabalhador da indústria de alimentos (em termos reais, ou seja, descontada a inflação) era de R$ 294 mil por ano (acima da média brasileira, de R$ 278 mil); em 2013, este valor caiu para R$ 232 mil (abaixo da média brasileira: R$ 270 mil). O cenário não é apenas no setor alimentício, mas atinge outros segmentos.
A produtividade vem sendo o “calcanhar de Aquiles” do setor industrial. A história mostra que este fator se expandiu até 1980, tanto em termos absolutos quanto em termos relativos. Nesta época, o Brasil tingiu em torno de 75% da produtividade americana. O PIB brasileiro per capita era 15 vezes o da Índia. No entanto, os números caíram. Nossa produtividade é de apenas 50% da dos Estados Unidos e PIB per capita do Brasil é de apenas seis vezes o dos indianos.
Os números comprovam que o Brasil continua perdendo espaço neste sentido em relação a outros países. Segundo o IMD World Competitiviness Yearbook 2013, o Brasil passou a ocupar, em 2013, a posição 51 dentre 60 países pesquisados. Em 2010, a posição era de 38. No mesmo estudo, a eficiência do governo ocupa a posição 58 (em 60) e na eficiência dos negócios a posição é a 37.
“Fica evidente quem contribui mais negativamente na produtividade brasileira. Podemos citar a burocracia, a carga tributária, o custo Brasil, a infraestrutura básica, infraestrutura científica, infraestrutura tecnológica, a educação e a saúde como itens que atrapalham a nossa produtividade”, avalia o economista.
A produtividade em uma indústria é medida basicamente pela relação entre lucro conquistado e o dinheiro nela aplicado, representando quanto uma empresa gera de recursos, através de suas atividades. O conceito é fundamental para qualquer gestão, pois guia a tomada de decisões desde o princípio, já que a geração de lucro suficiente é necessária para a sobrevivência e desenvolvimento sustentável da empresa. "É preciso lembrar que a produtividade não é de responsabilidade do trabalhador, mas do gestor", lembra Zurcher.
A "produtividade e eficiência" é o item com pior colocação no IMD World Competitiviness Yearbook 2013, segundo o economista. “O resultado é consequência dos problemas na educação e que aumentam gastos das empresas. No trabalho, quem tem estudo e treinamento produz mais. Só que a educação no Brasil vai mal. E, aí, a empresa perde tempo fazendo o que a escola não fez”.
Diante deste contexto, fica evidente que treinamento e o conhecimento são fatores fundamentais para melhorar a produtividade, além da utilização de máquinas e equipamentos modernos. Por isto, é necessária cada vez mais uma articulação eficiente do setor industrial na reivindicação destes fatores junto ao poder público, assim como o investimento em ações que ajudem a melhorar o cenário.