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Sindicato das Indústrias de Cacau e Balas, Massas Alimentícias e Biscoitos, de Doces e Conservas Alimentícias do Estado do Paraná

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Busca por ingredientes para atender a diferentes consumidores

20 de junho de 2011

Indústria diversifica a produção e investe em alimentos com substâncias nutritivas

De olho no consumidor, que procura cada vez mais alimentos saudáveis, e nas populações das classes C e D, que passaram a ter maior poder de compra, as indústrias de alimentos e bebidas trabalham na busca de novos ingredientes e, ao mesmo tempo, na criação de um leque diversificado de produtos que atendam a todas as classeš sociais.

Para Gláucia Maria Pastore, professora da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a busca de novos ingredientes é o grande foco das pesquisas em todo o mundo e também na Unicamp, onde se estudam os compostos bioativos, antioxidantes, corantes naturais, aromas naturais e fibras. "Observamos hoje que há uma procura grande das indústrias pelas nossas pesquisas. Elas querem fazer parcerias para ter acesso às novas tecnologias. Os projetos mais adiantados estão na tecnologia de cereal, incorporando substâncias antioxidantes e fibras em pães e biscoitos", explica.

De acordo com Gláucia, fora da universidade, uma área que tem investido em inovação é a indústria de lácteos, com novos produtos probióticos - com microorganismos e uma função benéfica ao organismo - ou com acréscimo de vitaminas e novos sabores, como as bebidas à base de soja e soro de leite, além dos próprios sucos de frutas com leite de soja. Em sua opinião, neste segmento, quem não investe em inovação perde espaço no mercado, porque o consumidor quer novidade, principalmente de produtos com apelo de saúde.

Esta é também a opinião de Rodrigo Motta, diretor da Nutri. mental, empresa que começou como fabricante de merenda escolar e hoje é líder no mercado de barras de cereal. Para ele, o consumidor brasileiro está se qualificando, tem mais renda, mais acesso à informação e está mais preocupado com a qualidade de vida. "Como produzimos barras de cereal, aveias, farinhas infantis, estamos sempre investindo em novos produtos, porque os mercados em que atuamos tem amadurecido a passos largos. E nós acompanhamos, porque, embora nossa empresa seja de porte médio, temos uma diretoria de inovação", afirma. Ele lembra que a Nutrimental foi a primeira a lançar barra de cereal light e diet no mercado brasileiro.

Motta destaca que no segmento de barra de cereal, que cresce 30% ao ano, há muito espaço para inovar. Segundo ele, um dos focos de pesquisa da empresa é o de criar barras acessíveis às classes C e D. "Para isso, precisamos desenvolver barras mais econômicas, isto é, com alguns sabores nos quais é possível aplicar a redução de preço", acrescenta. Já para os consumidores mais sofisticados, as pesquisas são dirigidas para as barras funcionais,que proporcionam uma digestão melhor.

Para Amanda Poldi, diretora técnica da Associação Brasileira das Indústrias de Alimentação (Abia), um dado muito positivo para o setor é o seu comprometimento com a questão da "saudabilidade". Segundo ela, a indústria assumiu, por exemplo, o compromisso com o Ministério da Saúde de reduzir o uso de sódio em 16 categorias de alimentos, começando por massas instantâneas, pães e bisnaguinhas. A meta estabelecida é limitar para 1,9 grama o sódio presente em cada 100 gramas do produto até 2012.

No segmento de bebidas, a preocupação central é ocupar espaços que permitam um crescimento maior. Segundo Luciano Túlio, diretor de inovações da AmBev, a companhia mantém centros de desenvolvimento tecnológico no Brasil para o desenvolvimento de novos produtos e embalagens. A área de não alcoólicos vive um bom momento com muitas novidades nas prateleiras, como o energético Fusion, que a AmBev acaba de lançar, e os refrigerantes com baixa gaseificação, como a linha H2OH!, que se tornou uma referência no mercado.

O diretor da AmBev afirma que, para se ter uma ideia da importância da inovação para a companhia, ela já responde por 15% dos negócios da empresa. E, embora não divulgue valores de investimentos isolados, a companhia está aplicando neste ano R$ 2,5 bilhões para expandir sua capacidade de produção e as áreas de inovação e de distribuição. Segundo ele, esse investimento é um trabalho que se completa quando a empresa ouve o consumidor e entende suas necessidades.

No Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de Campinas, este trabalho de prospectar as tendências de consumo vem sendo feito desde 2010 por meio da Plataforma de Inovação Tecnológica, baseada em estruturas similares existentes na União Europeia. A plataforma é coordenada pelo Grupo Especial de Inovação Tecnológica e as suas atividades são patrocinadas pelas empresas Genkor, Duas Rodas, Kraft, Greenfield, Tetra Pak, Fispal Tecnologia, Nestlé, Vivo Sabor e Bunge. De acordo com o professor Raul Amaral, diretor do Ital, este tipo de parceria reflete a tendência atual das empresas de alimentos, que buscam a inovação aberta, isto é, a associação com órgãos como o Ital, com laboratórios próprios, para facilitar as suas pesquisas.

 

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