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O governo brasileiro decidiu que vai monitorar o desembarque de alimentos importados do Japão para rastrear possíveis contaminações por radiação.
A medida já havia sido tomada pela União Europeia e pelos EUA depois de o governo japonês informar que o colapso da usina de Fukushima 1 havia provocado a contaminação de hortaliças, leite e água no país.
A Folha apurou que o governo já vinha considerando adotar a medida, mas ainda avaliava a situação porque as cargas embarcadas depois da catástrofe no Japão só devem começar a chegar ao Brasil a partir de 11 de abril.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), o Ministério da Agricultura e a CNEN (Comissão Nacional de Energia Nuclear) se reuniram para definir e coordenar o monitoramento. Uma nota oficial conjunta deve ser divulgada pelos órgãos nos próximos dias.
Segundo funcionários do governo, os fiscais da Anvisa e do Ministério da Agricultura vão coletar amostras de alimentos para serem enviadas a laboratórios do Ipen (Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares), em São Paulo, e do IRD (Instituto de Radioproteção e Dosimetria), no Rio de Janeiro.
Os portos desses dois Estados são as principais entradas de produtos japoneses.
O procedimento deverá considerar inicialmente apenas produtos que têm origem na área atingida pelo colapso da usina - cerca de 20% das províncias japonesas.
O sindicato dos fiscais do Ministério da Agricultura divulgou nota em que pedia providências técnicas do governo para garantir a segurança dos trabalhadores, que temiam riscos de contaminação durante a fiscalização de contêineres.
Segundo técnicos da área, no entanto, não há nenhum risco de os fiscais serem atingidos pela radiação dos alimentos, mesmo que eles estejam contaminados, porque as taxas de radiação são baixas demais e causam danos apenas em caso de ingestão.
Para determinar se os alimentos estão contaminados, será preciso deixar uma amostra de cerca de cinco quilos exposta diante de detectores próprios por mais de uma hora, segundo técnicos.
Os procedimentos serão os mesmos adotados em 1986, após o acidente na usina nuclear de Tchernobil, na Ucrânia. Na época, exames encontraram césio radioativo em parte dos alimentos.
Por Gustavo Heinnemann