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A casa da árvore

01 de agosto de 2011

Soraia Yoshida

"Não existe material perfeito", diz Hélio Olga, o engenheiro e projetista-chefe da Ita Construtora, durante um intervalo de "cinco minutos" na fábrica de Vargem Grande, interior de São Paulo. "Todos os materiais têm vantagens e desvantagens." Considerando aço e concreto, a madeira sairia ganhando porque é material orgânico renovável, que retirado da natureza antes do final do ciclo deixa de emitir carbono - e ganha um uso prolongado. "É um poço de petróleo invertido", diz Olga, citando o engenheiro alemão Julius Natterer, professor da Universidade de Lausanne, na Suíça. "O poço de petróleo vem da natureza como composto orgânico e, ao ser queimado, libera carbono e água. A árvore é matéria orgânica que usa água e carbono para liberar oxigênio. Em sua existência, ela continua liberando CO2. Se recolher a árvore adulta, você realiza um sequestro de carbono e acelera o processo de crescimento na floresta."

Não se passaram dois minutos e a conversa já saltou de engenharia para biologia e de volta às construções. Quer dizer que a madeira só tem vantagens? "Não. Cada madeira tem dentro dela um defeito que a outra não tem." O que a Ita faz é retirar os "pontos fracos" da ripa de madeira, como os nós, unir as ripas em uma única viga laminada e, com isso, aumentar a resistência total da estrutura, tornando-a capaz de sustentar, distribuir o peso, dividir áreas, agregar leveza e dar ao ambiente um componente natural que faz com que, por maior que seja o projeto, você se sinta à vontade.

O fator "sentir-se bem", aliado à disposição de montar estruturas bastante complexas e variadas, tem destacado a Ita na execução de projetos de casas de campo e praia. O que muitas empresas fazem com aço e concreto, a Ita faz com madeira, criando um diálogo com os outros elementos. Tudo é pensado para funcionar em conjunto. Ou, na expressão dos arquitetos, para harmonizar. "A arquitetura não existe sem a engenharia, as duas estão muito integradas", diz o arquiteto Mauro Munhoz. Criador de projetos como o Museu do Futebol, ele já empregou as estruturas de madeira da Ita para diferentes usos. "O ideal é que todos os sistemas estejam bem integrados para gerar bons resultados. Nesse ponto, o desenho estrutural e o sistema construtivo da Ita têm alta qualidade técnica", diz.

A cabeça de engenheiro de Olga é pragmática, mesmo diante de elogios. "Eu não inventei nada, está tudo aí há uns 100 anos. A União Europeia produz 1,2 milhão de m3 de painéis contraplacados. Se você olhar a escala de produção no Chile e comparar com o Brasil, é 12 vezes maior. Nós produzimos só mil m3. Estamos muito atrás."

Em números, sim. Em madeira, não. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos usa-se o pinho, a Ita utiliza madeiras nativas e eucalipto certificados. Nos últimos anos vem fazendo uma forte opção pelo segundo, por entender que é um material mais sustentável. "O eucalipto está praticamente no mesmo nível da madeira nativa nas aplicações práticas e pode oferecer muito mais versatilidade com os laminados, e também mais volume", diz Daniel Salvatore, um dos sócios. Sem contar que a maior floresta de eucaliptos do mundo está no Brasil.

A aplicação do eucalipto a algumas soluções engenhosas vem atraindo a atenção de empresas europeias do setor, com as quais a Ita troca figurinhas. Elas querem entender as vantagens do uso do eucalipto e acompanham o mercado brasileiro. "É um setor que ainda não apresentou o tamanho para justificar um investimento, mas está todo mundo especulando sobre a hora certa de entrar", diz Olga.

 

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    Árvore já foi abundante no norte do EstadoPormade é eleita uma das melhores empresas para se trabalhar no Brasil